Outros Muros
20 anos após a sua queda o muro de Berlim ainda incomoda!
Incomoda os que festejam a sua queda e os saudosistas que alimentavam a esperança que nunca caísse e os que, assistindo à sua queda, ainda vêm outros muros que tardam em cair.
Já muito se escreveu e disse sobre o muro de Berlim, da sociedade que ele albergava, caracterizada por Bernardo e Bernardo, como sendo o lugar onde” o pleno emprego, educação de excelente nível, acesso generalizado à cultura e ao desporto, saúde universal e gratuita, habitação a muito baixo preço, entre várias outras” tinha uma expressão relevante.
Mas pergunto eu uma cela por melhores condições que disponha não continua uma ser cela?
A RDA era uma gigantesca cadeia de onde não se podia sair nem que fosse para se viver pior!
Mas, para além do muro da vergonha, outros persistem, uns a serem construídos e outros já construídos para os quais não se vêm perspectivas de queda.
Para todos os muros existem razões válidas para a sua construção por parte de quem os constrói a saber:
1º O muro de Berlim construído para contrariar a massiva fuga de quadros para o ocidente, evitar o terrorismo da CIA e proteger a sociedade socialista que emergia no pós 2ª Guerra Mundial.
Como ousaram os dirigentes da antiga União Soviética dizer-se herdeiros de Karl Marx, Frederich Engels e Lenine quando criaram, nas sociedades por si dominadas, um clima de terror , de perseguição e morte semelhante ás que passaram os ideolgos que tomaram por fonte de inspiração ideológica?
Muitos branqueiam agora a história chamando as esses monstros de corruptos ideológicos, quando há não muitos anos antes, os apelidavam de mentores de uma sociedade que haveria ser o futuro brilhante da humanidade!
2º O muro que divide a Coreia do Norte da Coreia do Sul tem como razão para a sua existência impedir um possível ataque da Coreia do Sul, apoiada pelo monstro capitalista que são os Estados Unidos, à pátria do socialismo que é a Coreia do Norte!
Como ousam os dirigentes da Coreia do Norte intitularem-se de socialistas, quando matam o seu povo à fome, na ânsia de concretizarem um programa armamento nuclear?
3º O muro que divide os Estados Unidos do México tem como razão para a sua existência a luta contra a emigração clandestina e o narcotráfico.
Como ousam os dirigentes dos Estados Unidos dizerem-se detentores de um poder democrático quando desenvolvem para com o México uma politica de exploração descarada, que só conduz a pobreza, à corrupção generalizada, e que leva os mais pobres a procurarem, por todos os meios ao seu alcance, uma vida melhor?
4º O muro que divide Israel da Palestina tem com razão para a sua existência a protecção de Israel contra ataques terroristas por parte do grupos radicais palestinianos.
Como ousam os políticos israelitas falarem de terrorismo palestiniano quando são incapazes de conviverem com os seus vizinhos e promovem, eles próprios, um terrorismo de estado?
5º O muro que actualmente se constrói no Rio de Janeiro, para isolar a favelas desta cidade, terá como como razão de ser para a sua existência a protecção da floresta e a luta contra o crime organizado nelas existente.
Como ousam os dirigentes brasileiros pensar que será através de um muro que conseguem acabar com um fenómeno, que advém da sua corrupção e da inexistência de politicas sociais, que conduzam à redução da miséria social existente no país em geral e no Rio de Janeiro em particular?
Gostaria agora, depois de ter enumerado alguns dos muros, que tardam em cair, de escrever sobre outros, que embora não sejam físicos, ainda são mais difíceis de fazer cair e que ainda teimam em existir em Alpiarça.
Falo da intolerância politica, como se em democracia não tivéssemos todos o direito à diferença de opinião e à possibilidade de a exprimir, falo do preconceito de vencedores para com os vencidos, falo da incapacidade de convivência harmoniosa entre pessoas profetizando opções politicas, desportivas e até religiosas diferentes.