terça-feira, fevereiro 19, 2008

Realidades

Anteontem, 18 de Fevereiro de 2008, quem teve oportunidade de assistir no horário nobre as duas estações privadas de televisão que temos no nosso país ficava, como eu fiquei, no minimo estarrecido com o que via e ouvia.
Na SIC, o Primeiro Ministro e Secretário Geral do Partido Socialista, José Socrates, dava uma entrevista, conduzida por Ricardo Costa e Nicolau Santos, onde trassava um quadro optimista, no presente e para o futuro, da situação económica e social do país a cujos destinos preside.
O crescimento económico, na sua opinião, è uma realidade e se-lo-ia mais ainda se não existisse o monstro do deficite para combater.
Socrates entende que os portugueses, com ele ao leme dos seus destinos, podem estar perfeitamente descansados no que diz respeito ao seu futuro porque este vai ser certamente um mar de rosas e daquelas sem espinhos!
Na TVI passava, e na sequência de outro documentário intitulado “ A vida por um canudo”, “O pão de cada dia” no qual se reflectia uma realidade social muito diferente daquela que o Primeiro Ministro, José Socrates, vendia na SIC.
A dura realidade de quem com mais de 40 anos perdia o emprego e não conseguia outro e tinha filhos para sustentar, a pobreza encoberta de quem se envergonha de a confessar e que entre portas até fome passa, a vida com os sonhos destruídos dos jovens, que acabados de sair das universidades portuguesas, se arrastam por anos e anos na busca de um emprego conducente com as habilitações, que conseguiram obter, ou então submetendo-se a uma quase escravatura de muito trabalho e pouca ou nenhuma remuneração.
Várias realidades em confronto a do Primeiro Ministro e da sua clientela auferindo salários de montante ofensivo para a maioria dos portugueses e outra a dos que recebendo o salário minimo ou menos e que tal como os primeiros tem que comer, vestir e calçar!
A de um Primeiro Ministro que procura a todo custo agradar a Bruxelas, na questão do deficite, e manter-se no poder por mais 10 meses para depois iniciar uma feroz campanha eleitoral, durante a qual será prometido um desaperto brutal do cinto como brutal o foi antes o seu aperto!
A de um Presidente da Republica, Cavaco Silva, que o vai procurar manter em funções para que no momento oportuno intervir, por interpostas pessoas, no interior do seu partido, o PSD, para relançar a questão da liderança interna e também do candidato que o partido deve apresentar para o cargo de Primeiro Ministro.
A de uma população que descrê cada vez mais nos politicos que a governa, nas perspectivas de futuro que se lhe oferece, que se acomoda numa raiva dificilmente contida que pode, de um momento para o outro, explodir gerando clivagens politico sociais difíceis de controlar e de resolver.
Se isto se passa a nível nacional que dizer a nível local em Lisboa e Alpiarça?
Em Lisboa o Presidente da Câmara, o socialista António Costa, ve-se agora a braços com o chumbo por parte do Tribunal de Contas do empréstimo de 360 milhões de euros que pretendia contrair para pagar as dividas do municipio da capital.
António Costa dificilmente terá condições para se manter na presidência porque este chumbo representa, na prática, dois reveses que o impossibilitam de cumprir uma das mais importantes promessas que lhe possibilitaram a eleição: o pagamento das dividas e o saneamento financeiro da câmara da capital.
Veremos o que a próxima quinta feira nos trás em termos de resoluções politicas.
Em Alpiarça no litigio, levado à barra dos tribunais, que opõe a Câmara Municipal de Alpiarça e o seu técnico de informática, Ricardo Vaz, assiste-se a mais uma vitória deste ultimo, desta vez sem hipótese de aceitação de recurso para o Tribunal Superior, o Supremo Tribunal Administrativo, porque o Tribunal Central Administrativo do Sul baseou a sua decisão no facto de certas matérias em apreço já terem sido anteriormente submetidas a apreciação judicial, e dessa apreciação se ter feito jurisprudência.
Este facto, quer por a falta de reacções oficiais quer por parte da Câmara Municipal ou do seu Presidente, Rosa do Céu, quer pelo destaque dado pelos orgãos de comunicação social ás declarações prestadas por Ricardo Vaz têm marcado a agenda noticiosa da nossa terra.
Enquanto o Executivo Municipal e o seu Presidente desperdiçam os parcos recursos de que dispõem em litígios, desde inicio condenados ao fracasso, continuam por arranjar, possivelmente por falta de verba, os semáforos junto ao Millenium BCP onde falta a sinalização para peões, continua sem resolução a questão do edificio onde antes se situava a Farmácia Gameiro, a rua Conselheiro Figueiredo Leal no troço situado entre o cimo da rua Silvestre Bernardo Lima e o cimo da Dr. Queiroz Vaz Guedes continua num estado calamitoso, a rua Ricardo Durão pouco depois da rotunda do Cravo, de homenagem ao 25 de Abril, existem os restos de uma vala que depois de tapada ficou por alcatroar e muitas mais situações existirão que, não sendo do meu conhecimento, não são referidos não tendo, no entanto, menor importância e urgência na resolução.
Por ultimo uma sugestão encerre-se de uma vez por todas a litigância entre a Câmara Municipal e o Ricardo Vaz, reconheçam-se os erros processuais cometidos, readmita-se o funcionário, que ainda muito pode dar em prol da Autarquia e dos seus habitantes e realize-se uma gestão de recursos financeiros conducente com a situação de crise que actualmente se vive.