terça-feira, julho 15, 2008

Coveiros

É para mim confrangedor ver estações de televisão portuguesas afirmarem com toda a pompa e circunstância o ganharem troféus internacionais com documentários por si produzidos.
Não se trata do prémio em si que me deixa desconfortável mas pelos temas que os referidos documentários abordam, não que não se devessem abordar, antes pelo contrário, os diferentes canais de televisão portugueses podem e devem abordar os temas da pobreza a que muitas familias portuguesas chegaram, o desemprego, os escândalos consecutivos que afectam os mais variados sectores da vida publica portuguesa, a corrupção galopante na vida politica, qual cancro que corrói internamente o próprio sistema democrático vigente, que pode estar em perigo face a qualquer vocação totalitária como já antes escrevi.
O que me deixa desconfortável, isso sim, é a existência na sociedade portuguesa desses mesmos temas cuja denuncia e análise motivaram a realização dos documentários que mereceram a atribuição destes prémios á televisões.
A sociedade portuguesa, pelo menos aquela que se perspectivava no pós 25 de Abril de 1974, já não existe mais, regrediu ao século 19, no auge da revolução industrial, onde o capitalismo selvagem campeava á rédea solta e a sua lei primária, a da oferta e da procura, sujeitava milhares de seres humanos, transformando-os em simples instrumentos na obtenção do lucro que alguns queriam e querem mais e mais com cada vez menos risco.
A politica social preconizada pelos anualmente lembrados capitães de Abril é cada vez mais uma saudosa recordação abandonada em função de critérios de uma economia que não serve os cidadãos, mas antes pelo contrário, se serve deles.
Francisco Moita Flores, presidente da Câmara Municipal de Santarém e articulista no jornal Correio da Manhã, escreveu um artigo de opinião intitulado “A Bolha” denunciando um esquema de corrupção existente através do qual, e na mira de um lucro fácil e rápido, muitos investiam e poucos lucravam.
Trata-se, evidentemente, de um caso de policia, mas o que levará muitos a acreditarem no mito dos “el dourados “ portugueses?
São levados por um desespero subito provocado por um desemprego inesperado, pelos aumentos das prestações das casas ou carros que adquiriram e que agora não conseguem suportar e se veem na contingência de perder, pela educação dos filhos que agora não podem garantir.
Os portugueses não são ingénuos, mas por vezes o desespero é tanto que a razão deixa de prevalecer!
Portugal pertence a um clube cujos membros estipularam regras de todo em todo incompatíveis com a possibilidade de vida dos seus cidadãos pondo em causa a própria sobrevivência de muitos deles.
E perante este estado de coisas que faz o governo dito socialista de José Socrates?
Faz comparações com o padrão médio dos custos nos nossos parceiros da União Europeia esquecendo-se, contudo, de o fazer relativamente aos proveitos por outras palavras ganhamos menos e pagamos o mesmo ou até mais que os outros pelos mesmos bens e serviços!
Conseguiu colocar as contas publicas em ordem, diminuiu o deficite para os limites exigidos por Bruxelas mas colocou os cidadãos na miséria levando á pratica de assaltos cada vez com mais violência associada e de que resultam cada vez mais vitimas mortais.
Cada vez se clama mais por um estado policial e prisional onde o dia a dia seja vivido entre a presença constante da policia, uma sobrelotação das cadeias ou com a construção de novas e o desaparecimento dos direitos, liberdades e garantias constitucionalmente previstos com juizes omnipotentes qual agentes da policia politica do antigo regime como afirmou António Marinho Pinto Bastonário da Ordem dos Advogados.
Impõe-se uma saída rápida da União Europeia, nem que seja temporária, porque doutra forma o regime e a paz social podem estar seriamente ameaçadas.
Impõe-se a mudança dos actuais politicos que governam e tomam decisões em função de calendários eleitorais por outros com projectos que ultrapassem as meras legislaturas e os jogos de lugares nas administrações nacionais, regionais ou locais e por arrastamento nos respectivos aparelhos partidários.
Se o governo da Republica se encontra neste dilema que dizer do nosso governo autárquico?
Com a cada vez mais próxima cessação de funções do Presidente do Executivo Municipal, Rosa do Céu, a sua sucessora, Vanda Nunes, actual Vice Presidente e Vereadora da Cultura e dos Recursos Humanos ver-se-á a braços com uma crise orçamental sem precedentes que limitará, em muito, a concretização de quaisquer projectos verdadeiramente uteis para a população ficando apenas disponíveis verbas para operações de cosmética pré eleitoral.
A história deste período, quando for escrita, julgará de forma severa estes Coveiros de Portugal e Alpiarça.

terça-feira, julho 08, 2008

O Presente Ausente

Com a minha idade por vezes temos a tendencia para nos referirmos a determinados factos socorrendo-nos com ditados populares, assim sendo aqui vai um: perdido o pastor tresmalhado é o gado!

Este adágio parece aplicar-se como uma luva ao Partido Socialista de Alpiarça com a mais que certa saída do “pastor” Rosa do Céu para o turismo as ovelhas já se juntam em redor de um novo pastor.

Se vivessemos em monarquia quase poderíamos dizer que rei morto rei posto mas como vivemos em republica e em Alpiarça teremos daqui a pouco um presidente de câmara ausente mas sempre presente através da sua delfim Vanda Nunes.

Apoiando esta solução sucessória encontramos o Movimento Civico “Alpiarça é a Razão” democráticamente e colegialmente liderado por Rosa do Céu.

Contra esta solução governativa, que desde há muito tem vindo a ser ensaiada, levantou-se o Partido Socialista com o seu lider local, Pedro Gaspar, com o apoio tácito da deputada, e por muitos desejada como candidata á presidência da autarquia, Sonia Sanfona.

Face a esta situação de impasse enfrentaram-se as duas forças na Junta de Freguesia de Alpiarça, qual bairro de Nova Iorque no século 19 retratado no filme “Os Gangues de Nova York”, e tal como no filme apenas uma das facções saiu vitoriosa sendo, por isso, proibido nos próximos tempos fazer-se, sob pena de excomunhão, qualquer referencia á facção derrotada.

Nos Gangues de Nova York o lider da facção derrotada morre mas deixa um sucessor, o seu filho, em Alpiarça o líder derrotado não morre, apenas pede a demissão, mas já deixa sucessor ele próprio ou a deputada Sonia Sanfona que em primeira análise não se sujeitaria a escrutínio dada a sua posição privilegiada na 1ª Comissão da Assembleia da Republica mas que face a esta derrota se sente na obrigação de ir em frente quanto mais não seja para uma desforra, nem que seja para mais uma derrota mas na qual caia de pé aureolada pela ousadia de ter defrontado o cacique de Alpiarça.

Com um panorama destes realmente apenas poderemos dizer como os politólogos que não são as oposições que ganham mas os governos que perdem, mas com as oposições que temos em Alpiarça o governo é obrigado a ganhar mesmo que não queira!