sexta-feira, setembro 26, 2008

Será Que Vale a Pena?

Confesso que por vezes tenho a tentação de deixar de dar a minha colaboração ao Rotundas isto porque a idade já pesa e aquilo que vou lendo, nomeadamente, em alguns jornais e até aqui neste blogue me deixam no mínimo desanimado.

Vem esta introdução a propósito de um artigo de opinião publicado no Mirante e assinado pelo seu director, Joaquim António Emídio, intitulado “um político sinistro “.

Se bem que reconhecendo que o politico sinistro foi também em parte uma construção da linha editorial do jornal que dirige, Joaquim António Emídio esquece-se de dizer que na sequência desse servilismo ao Dr. Rosa do Céu o jornal que dirige deveria ser extinto e que ele deveria, no minimo, entregar a carteira profissional de jornalista e dedicar-se a tudo menos ao jornalismo.

Mas não, em vez disso recebeu um prémio Prémio Imprensa Regional e acima de tudo dedicou-o ao politico sinistro que ajudou a criar, pois bem meu caro Joaquim António Emídio eu no seu lugar teria recusado o prémio em causa, como Sartre fez em relação ao Nobel por uma questão de princípios próprios, para poder deitar a cabeça no travesseiro e conseguir dormir descansado.

Mas o que posso eu esperar, em matéria de postura, dada a distância que separa Joaquim António Emídio de Jean Paul Sartre?

De qualquer das formas Sartre e Emídio teem algo em comum o 1º marcou uma época com uma corrente de pensamento filosófico que ainda hoje perdura e o 2º é o exemplo gritante de um país em plena decadência de valores e sem perspectivas de futuro.

“Quando a ética não está presente, a política é o pior frequentado dos bordéis” afirma, no seu artigo de opinião no jornal Correio da Manhã intitulado “ e do céu desceu a crise”, o advogado João Marques dos Santos, permito-me eu agora perguntar e no tocante ao jornalismo?

Pela sua maneira de estar na vida muitos dos já condenados por crimes contra a humanidade não o teriam sido bastando-lhes, para isso, reconhecerem a sua participação em genocídios, limpezas étnicas e tudo isso seria esquecido uma vez que eles no exercício das funções governativas ou outras apenas faziam o seu trabalho, como os jornalistas do Mirante faziam o deles carregando Rosa do Céu “ás costas” rumo ao poder, e as vitimas davam pau e costas, como o fizeram Raul Figueiredo e os seus companheiros, rumo ás valas comuns onde eram enterrados sem um qualquer tipo de dignidade.

Adolfo Hitler não teria necessidade de suicidar uma vez que no fim da 2ª Guerra Mundial os Aliados compreenderiam perfeitamente que parte dos 50 milhões mortos, por ela causados nos tristemente celebres campos de concentração do III Reich, apenas se deveram ao facto de existirem diferenças de opinião entre a policia politica e os exércitos da grande Alemanha, que sonhava construir um império com a duração de 1000 anos baseado na supremacia da raça ariana, e os judeus e ciganos sendo que os primeiros faziam simplesmente o seu trabalho e os segundos davam pau e costas.

Simon Wiesenthal nesta perspectiva foi um raivoso e inconsequente perseguidor de nazis, considerados por ele, injustamente, como criminosos de guerra, conseguindo que alguns deles fossem condenados á morte, uma vez que para este sobrevivente de vários campos de concentração” não deveriam escapar sem punição pelo assassinato de milhões de seres humanos” quando bastaria chamar-lhes, como o faz Joaquim António Emídio ao Dr. Rosa do Céu, de pacóvios e ter apenas pena deles.

Nesta ordem de ideias Saddam Hussein nunca seria condenado pela morte de milhares de pessoas do seu próprio povo por ser pacóvio e aos pacóvios tudo se perdoar.

Radovan Karadžić nunca seria perseguido por genocídio e limpeza etnica nem entregue ao Tribunal Internacional de Haia para ser julgado porque se tratava, igualmente, de um pacóvio de quem se deve ter pena.

Se isto se passa com estrangeiros então a nível interno os políticos do antigo regime deveriam merecer a nossa compreensão, mesmo quando ordenavam a prisão e morte, dos seus opositores, ao fim e ao cabo apenas faziam o seu trabalho eram pacóvios e os outros apenas davam pau e costas!

Para que preocupar-nos com a descoberta e punição dos culpados pelas mortes do General Humberto Delgado e da sua secretária Ajarir de Campos no fim de contas a PIDE fazia o seu trabalho e o “General Sem Medo” e a sua secretaria eram simples pacóvios a darem pau e costas!

Por ultimo para que deixar de ler o Mirante se na sua redacção “não existe a paz dos altares, se o tempo é de paz gozamos a paz. Se o tempo é de guerra vamos todos à guerra já que entre mortos e feridos alguém há-de escapar” sendo, por isso mesmo, “um jornal condenado ao sucesso “ e onde acima de tudo, em caso de necessidade, se consegue vender um frigorífico a um esquimó ou um aquecedor a um habitante de país equatorial, fabricar um politico sinistro e onde, para lá de tudo o mais, os pacóvios se fabricam e apoiam mutuamente!

Será que vale a pena continuar a escrever?

segunda-feira, setembro 08, 2008

De Elementar Justiça

A sociedade portuguesa caracteriza-se hoje por um capitalismo desenfreado ao bom estilo do século 19 mas já com laivos de século 21.

Passo a explicar o capitalismo surgido com a Revolução Industrial em Inglaterra gerou uma classe de exploradores, os capitalistas, visavam apenas e tão somente o lucro, em moeda corrente, e o acumular de bens materiais para legarem á geração familiar que os iria suceder.

A formação religiosa dessa classe, o anglicanismo na Inglaterra e o protestantismo na Europa Continental, a isso obrigava com ameaças de castigo eterno no pós morte.

Mas o tempo passou e como já disse o nosso maior poeta Luís Vaz de Camões: mudam-se os tempos mudam-se as vontades a vocação dos capitalistas deixou de ser tão sómente a acumulação de moeda e propriedades, e como o temor do castigo eterno já já se tinha esvanecido, e passaram a interessar-se por outra coisa que até então lhes tinha sido de alguma forma vedado: o prazer fisico.

Até esta data as relações intimas entre homens e mulheres só tinham razão de ser para procriar seguindo o principio biblico de crescei e multiplicai-vos.

Tornou-se moda os homens terem a esposa em casa e frequentarem outras, que não sua, para usufruírem do prazer que as suas mulheres, espartilhadas por uma moral implacável, não lhes podiam oferecer.

Apareceu então uma nova classe e um novo negocio a saber as prostitutas e a prostituição.

Mas passado algum tempo estes poderosos cansaram-se e queriam mais, algo que por ser excitante fizesse subir andrenalina, algo que por ser socialmente condenável tivesse o sabor do clandestino!

Então viraram a sua atenção não para as adultas mas para as crianças filhas daqueles a quem já tinham sugado tudo o que tinham para dar, a sua força de trabalho, e que em desespero por não conseguirem ter uma vida digna as colocavam desde tenra idade á disposição de quem pudesse pagar.

Surgiu então a exploração sexual de menores que se denominou de pedofilia.

Se no inicio para se usufruir dessa pratica se teria que fazer o chamado turismo sexual orientado para determinados países pré referenciados, agora esse fenomeno passou quase a ser transversal a nível global, deixando a Asia de ter quase o monopolio de destino para esse tipo de viajantes.

Com a massificação da internet uma nova camada de menos “afortunados” podem agora ter acesso, não na prática, mas vendo outros ter, aquilo que sempre desejaram e nunca puderam ter.

Filmes, fotos e toda uma panoplia de material com menores a serem abusados são distribuídos a quem puder pagar.

Cedo as autoridades chegaram á conclusão de que este tipo de negócio tinha que ser combatido tanto ao nível dos fornecedores de conteúdos como de consumidores.

A nível global são de vez em quando desencadeadas acções para desmantelar redes nos mais diversos países.

A ultima foi denominada de “Operação Carrossel” que incluiu Portugal onde foi apreendido diverso material informático a cidadãos da classe média alta.

Compete-nos a todos nós em geral, e a cada um de nós em particular, combater esta praga que ameaça desmoronar todo o sistema de valores em que deveria assentar a nossa sociedade.

Tudo o atrás dito vem a propósito de uma situação acontecida em Alpiarça, mais concretamente no edificio dos Paços do Concelho, quando um técnico de informática começou a detectar a consulta em determinados computadores de sites relacionados com esse asqueroso negócio.

O técnico em causa, como era seu dever, denunciou o que se estava a passar aos seus superiores hierárquicos e teve a desagradável surpresa de no lugar de ver louvada a sua conduta o simples facto de primeiro ser suspenso e depois demitido!

Agora que se aproxima a passos largos a substituição do Presidente do Municipio, Rosa do Céu, pela sua Vice e Vereadora da Cultura e Tempos Livres e dos Recursos Humanos, Vanda Nunes, era bom que esta quando tomasse posse do cargo refletisse sobre este caso e, para marcar a diferença da politica seguida pelo seu antecessor, readmitisse, como acto de elementar justiça, o funcionário demitido.

Fica bem a qualquer decisor politico reconhecer que errou e emendar de imediato o seu erro, não é sinal de fraqueza mas de capacidade de olhar a vida com a postura que poucos possuem.

Lembro aqui e a titulo de exemplo aos politicos que governam o nosso Municipio a postura do Presidente da Câmara da Chamusca que se apresentou voluntariamente na Policia Judiciária em Coimbra reconhecendo que teria cometido várias irregularidades durante os seus mandatos, colocando-se á disposição daquela policia para qualquer medida que julgassem aplicável.

Pois passados alguns meses, nas eleições autárquicas que entretanto se disputaram, e graças á postura que teve viu a sua liderança reforçada na presidência municipio.

Pensem nisto.