segunda-feira, setembro 08, 2008

De Elementar Justiça

A sociedade portuguesa caracteriza-se hoje por um capitalismo desenfreado ao bom estilo do século 19 mas já com laivos de século 21.

Passo a explicar o capitalismo surgido com a Revolução Industrial em Inglaterra gerou uma classe de exploradores, os capitalistas, visavam apenas e tão somente o lucro, em moeda corrente, e o acumular de bens materiais para legarem á geração familiar que os iria suceder.

A formação religiosa dessa classe, o anglicanismo na Inglaterra e o protestantismo na Europa Continental, a isso obrigava com ameaças de castigo eterno no pós morte.

Mas o tempo passou e como já disse o nosso maior poeta Luís Vaz de Camões: mudam-se os tempos mudam-se as vontades a vocação dos capitalistas deixou de ser tão sómente a acumulação de moeda e propriedades, e como o temor do castigo eterno já já se tinha esvanecido, e passaram a interessar-se por outra coisa que até então lhes tinha sido de alguma forma vedado: o prazer fisico.

Até esta data as relações intimas entre homens e mulheres só tinham razão de ser para procriar seguindo o principio biblico de crescei e multiplicai-vos.

Tornou-se moda os homens terem a esposa em casa e frequentarem outras, que não sua, para usufruírem do prazer que as suas mulheres, espartilhadas por uma moral implacável, não lhes podiam oferecer.

Apareceu então uma nova classe e um novo negocio a saber as prostitutas e a prostituição.

Mas passado algum tempo estes poderosos cansaram-se e queriam mais, algo que por ser excitante fizesse subir andrenalina, algo que por ser socialmente condenável tivesse o sabor do clandestino!

Então viraram a sua atenção não para as adultas mas para as crianças filhas daqueles a quem já tinham sugado tudo o que tinham para dar, a sua força de trabalho, e que em desespero por não conseguirem ter uma vida digna as colocavam desde tenra idade á disposição de quem pudesse pagar.

Surgiu então a exploração sexual de menores que se denominou de pedofilia.

Se no inicio para se usufruir dessa pratica se teria que fazer o chamado turismo sexual orientado para determinados países pré referenciados, agora esse fenomeno passou quase a ser transversal a nível global, deixando a Asia de ter quase o monopolio de destino para esse tipo de viajantes.

Com a massificação da internet uma nova camada de menos “afortunados” podem agora ter acesso, não na prática, mas vendo outros ter, aquilo que sempre desejaram e nunca puderam ter.

Filmes, fotos e toda uma panoplia de material com menores a serem abusados são distribuídos a quem puder pagar.

Cedo as autoridades chegaram á conclusão de que este tipo de negócio tinha que ser combatido tanto ao nível dos fornecedores de conteúdos como de consumidores.

A nível global são de vez em quando desencadeadas acções para desmantelar redes nos mais diversos países.

A ultima foi denominada de “Operação Carrossel” que incluiu Portugal onde foi apreendido diverso material informático a cidadãos da classe média alta.

Compete-nos a todos nós em geral, e a cada um de nós em particular, combater esta praga que ameaça desmoronar todo o sistema de valores em que deveria assentar a nossa sociedade.

Tudo o atrás dito vem a propósito de uma situação acontecida em Alpiarça, mais concretamente no edificio dos Paços do Concelho, quando um técnico de informática começou a detectar a consulta em determinados computadores de sites relacionados com esse asqueroso negócio.

O técnico em causa, como era seu dever, denunciou o que se estava a passar aos seus superiores hierárquicos e teve a desagradável surpresa de no lugar de ver louvada a sua conduta o simples facto de primeiro ser suspenso e depois demitido!

Agora que se aproxima a passos largos a substituição do Presidente do Municipio, Rosa do Céu, pela sua Vice e Vereadora da Cultura e Tempos Livres e dos Recursos Humanos, Vanda Nunes, era bom que esta quando tomasse posse do cargo refletisse sobre este caso e, para marcar a diferença da politica seguida pelo seu antecessor, readmitisse, como acto de elementar justiça, o funcionário demitido.

Fica bem a qualquer decisor politico reconhecer que errou e emendar de imediato o seu erro, não é sinal de fraqueza mas de capacidade de olhar a vida com a postura que poucos possuem.

Lembro aqui e a titulo de exemplo aos politicos que governam o nosso Municipio a postura do Presidente da Câmara da Chamusca que se apresentou voluntariamente na Policia Judiciária em Coimbra reconhecendo que teria cometido várias irregularidades durante os seus mandatos, colocando-se á disposição daquela policia para qualquer medida que julgassem aplicável.

Pois passados alguns meses, nas eleições autárquicas que entretanto se disputaram, e graças á postura que teve viu a sua liderança reforçada na presidência municipio.

Pensem nisto.