quarta-feira, maio 14, 2008

Novo Delgado, Precisa-se!

Um terramoto politico varreu Portugal de norte a sul.
Um general de carreira no activo, representante do país junto da NATO decide lançar-se definitivamente numa tentativa de alterar o regime nascido a 28 de Maio de 1926.
Vindo da capital americana, Washington, Humberto Delgado vinha impregnado de ideais demasiado ousados para o Portugal da época.
Declara-se candidato á presidência da republica em 1958 e o carisma que depressa demonstrou lançou de imediato dois avisos aos intervenientes da pobre vida politica portuguesa.
Ao governo de que não se tratava de mais uma candidatura bucólica da oposição como sempre votada, por desistência, ao fracasso e que teria de ser levada a sério.
Á oposição que agora viam na figura de Delgado um polo aglutinador e capaz de gerar um movimento capaz de derrotar o candidato da situação o contra-almirante Américo Tomás.
Os comunistas, a reboque das outras forças oposicionistas, acabaram por retirar a candidatura de Arlindo Vicente e acabaram a apoiar o general coca cola.
Depois de uma campanha eleitoral, de que se comemoram este ano os 50 anos, empulgante seguiu-se uma monstruosa fraude eleitoral que levou á derrota do general sem medo como ficou conhecido ao afirmar que em caso de vitória demitiria o Presidente do Conselho de Ministros António de Oliveira Salazar.
Sete anos depois, a 13 de Fevereiro 1965, é assassinado em Villanueva del Fresno juntamente com a sua secretária a cidadã brasileira Ajarir de Campos.
Este duplo assassinato atribuído oficialmente á policia politica do regime, a PIDE, através do chefe de brigada Rosa Casaco ainda se encontra actualmente envolto em mistério não no tocante aos executores mas a quem proporcionou as condições que viesse a ocorrer se o regime se alguns sectores da oposição descontentes por não poderem controlar mais o interpido general.
Essa tentativa de controle já tinha sido ensaiada a quando do episódio do café Chave D`Ouro, quando elementos da oposição o procuravam instruir quanto ao modo de responder a certas perguntas dos jornalistas.
Humberto Delgado surpreendeu-os a todos com o “demito-o, obviamente”.
De facto essa demissão era possível porque estava consagrada, como poder do presidente da republica, na Constituição de 1933 referendada em plebiscito nacional por Salazar , como corolário de um sistema politico por si idealizado a que chamou Estado Novo.
Este Estado Novo representava por si mesmo a falência da democracia do 5 de Outubro de 1910.
Com a candidatura de Delgado o regime abanou mas não caiu viria a cair, isso sim, 16 anos depois a 25 de Abril de 1974 derrubado pelas mesmas forças armadas que o tinham instaurado e mantido durante 48 anos!
Passados 34 anos da Revolução dos Cravos torna-se necessário, mais do que nunca, o aparecimento de outro Delgado que descristalize a ideia, como diria o filósofo alemão Hegel,de democracia e liberdade e a faça progredir no sentido que Abril lhe quis dar!
Desde 1974 até 2008 socialistas e social democratas alternaram-se no poder, qual rotativismo partidário que caracterizou o fim do século 19 e princípios do século 20 em Portugal.
Ambos contribuíram, á sua maneira, para destruir os ideais de Abril sendo o corolário dessa destruição o actual governo de José Socrates.
Se Cunhal no verão quente de 1975 tinha em mente a constituição de um regime de partido unico, á semelhança da antiga União Soviética, Sócrates tem em mente um regime teoricamente multipartidário, no qual apenas o Partido Socialista efectivamente governe, á boa maneira do despotismo esclarecido do Marquês de Pombal tudo isto com tornado possível com o descredito cada vez maior de um Parlamento inoperante e cheio de personagens tiradas dos livros dos grandes Eça de Queirós, no seu Conde de Abranhos, e Ramalho Ortigão com as suas Farpas que apenas procuram o prestigio pessoal e de uma oposição descredibilizada interna e externamente por fraudes internas de todo o tipo.
Se a nível nacional o cenário é este a nível local a coisa não melhora sendo, de todo em todo, igual o Partido Socialista governa com um Executivo Municipal liderado por Rosa do Céu, qual Marquês de Pombal da era moderna, com uma oposição desacreditada por um passado nada abonatório enquanto poder, e por uma Assembleia Municipal a funcionar qual Assembleia da Republica em ponto pequeno e de menores prerrogativas com personagens politicos de pacotilha.
Representantes dos dois maiores partidos em Alpiarça de vez em quando emitem opiniões que no minimo nos deixam extasiados.
O representante do Partido Socialista em Alpiarça, Pedro Gaspar, vem agora falar-nos do Big Brother, referido num livro de George Orwell, que faz parte da minha biblioteca pessoal e que já li há alguns anos intitulado 1984.
Neste livro o autor fala-nos de um “Grande Irmão” que tudo vê e ouve e até previa um “ minuto do ódio” para aliviar o stress.
O que me deixa extasiado nesta citação por parte deste socialista alpiarcense é só agora ter descoberto este “Grande Irmão” quando o seu camarada Rosa do Céu já o personificava através de uma rede de informadores munidos com telemóveis com modernos sistemas de gravação de conversas, algumas delas usadas como arma de coação, embora ilegal, em tribunal.
Falar de privacidade pessoal devido existencia de GPS é no minimo estranho dada a prática do seu partido e dos seus dirigentes locais e nacionais.
O representante do Partido Comunista de Alpiarça, Mário Fernando Pereira, vem falar-nos de um regresso ás origens do ideário de Abril de 1974, das suas preocupações com as politicas seguidas pelos dois governos socialistas, local e nacional, do descontentamento generalizado com a politica de direita que tem vindo a ser seguida.
Estou completamente de acordo com o sr. Mário Fernando Pereira nas suas preocupações não fosse dar-se o caso de o seu partido, enquanto poder em Alpiarça, não ter tido qualquer pejo em aplicar, quando o julgava oportuno, a dita legislação de direita emanada tanto por PS como por PSD.
A mesma politica de clientelismo, hoje criticada ao PS, foi amplamente seguida durante os consolados comunistas.
Por tudo isto, e a continuarmos como estamos actualmente, teremos “ad eternum” dois governos socialistas sejam eles quais forem os seus lideres!
Para terminar apetece-me dizer: “volta Delgado ou Portugal estará acabado”!