sábado, abril 12, 2008

Vemos, Ouvimos e Choramos

O debate sobre energia a que assisti na Assembleia da Republica teve, se o assunto em análise não fosse sério, períodos em que a argumentação usada pelo Primeiro Ministro dava para rir.
Ao intervir, José Socrates, e fazer apologia daquilo que o seu governo fez em matéria de politica energética, nomeadamente no que concerne ás energias renovaveis, falando como se no seu passado não tivesse sido Ministro do Ambiente e agora como Primeiro Ministro não ter a obrigação de implementar em Portugal o tão famoso protocolo de Kioto.
Os governos, e os Primeiros Ministros que os lideram, são nomeados para fazerem o melhor pelo país sendo contraproducente gabarem-se de um dever supostamente cumprido!
Depois de intervir o lider da bancada do PSD, Pedro Santana Lopes, o Primeiro Ministro, falando em tom irónico, acusou o deputado da oposição de não ter uma visão estratégica, nem de dar contributos credíveis para a politica energética que o Governo do Partido Socialista pretende levar a cabo para Portugal.
Do que José Socrates se esqueceu è que quem tem de ter visões estratégicas sobre as diversas areas da governação, nas quais se inclui o ambiente, como è obvio, è o Governo e não a oposição cuja missão no Parlamento è fiscalizar o cumprimento do programa eleitoral, que permitiu ao PS ganhar com maioria absoluta as eleições legislativas e formar governo, e denunciar os incumprimentos ou desvios.
Depois chamou-me a atenção a intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário Geral do Partido Comunista Português, que questionou o Governo e o Primeiro Ministro sobre o preço dos combustíveis indagando porque razão o preço dos mesmos não desce à mesma velocidade que o preço do petróleo nos mercados internacionais.
O Primeiro Ministro intervém para, novamente em tom irónico, afirmar que aquilo que o PCP quer é que o Governo baixe os preços administrativamente e com isto penalizar os contribuintes pois, como fez questão de afirmar, o PCP não faz contas e o dinheiro para uma intervenção dessa natureza tem que vir de algum lado.
Do que José Socrates se esqueceu è que o preços dos combustíveis são administrativamente altos por via da aplicação de um ISP e um IVA altíssimos que permitem aos administradores das petrolíferas atingirem os objectivos internos e auferirem vencimentos e regalias escandalosas para o comum dos portugueses.
Do que José Socrates se esqueceu è que o problema do custo dos combustíveis se reflete na vida da maioria dos portugueses e não apenas numa minoria como quis fazer crer ao afirmar que se o governo baixa-se o preço dos combustíveis prejudicaria uma maioria em favor de uma minoria de privilegiados que se deslocam de automóvel enquanto os outros o fazem de bicicleta ou a pé.
A realidade è que uma minoria constituída por politicos e afins não se preocupam com o preço dos combustíveis porque ou não os pagam ou ganham muito e não sentem o seu efeito do seu preço no seu orçamento pessoal!
Depois li num semanário uma entrevista do socialista Manuel Alegre que a determinada altura afirma que o PS nem já social democrata è quanto mais socialista!
Quanto desencanto nas palavras daquele velho dirigente, deputado e escritor socialista mas, ateísmos republicanos e socialistas à parte, mais parece um padre António Vieira com uma edição do século XX do famoso sermão de Santo António aos Peixes, já que clama por uma politica social conducente com a história do PS que contribui para a redação e aprovação da Constituição da Republica Portuguesa de 1976, que lançou e defendeu um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito e que agora è tendencialmente pago, e cada vez mais caro, que defendia a proteção de desempregados e idosos e de uma justiça efectivamente justa.
Manuel Alegre esqueceu-se que agora o seu Partido Socialista já não existe, que agora e tal como escreveu Luís Vaz de Camões:” Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, todo o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades, o PS è o representante em Portugal da Comunidade Europeia em particular do seu Comité Económico e Financeiro e do Banco Central Europeu acatando cegamente as suas directivas, cumprindo os seus ditames para o controle do déficit mesmo que para isso os portugueses morram de fome, ou os que não se resignem a esse triste destino se dediquem a actividades socialmente reprovaveis levando-os, em caso de azar, ás barras dos tribunais e ás cadeias fazendo do nosso país não um Estado de Direito Democrático mas Estado Policial e Prisional.
Olho para a televisão e vejo, na mesma semana em que duas empresas vão lançar no desemprego mais 1000 trabalhadores, o representante do Partido Socialista no programa da RTP1, Corredor do Poder, afirmar que o desemprego estava contido, que descaramento e falta de respeito por aqueles que perderam ou vão perder o seu posto de trabalho!
Depois “olho” para Alpiarça e vejo um Executivo Municipal que não tolera a livre crítica, que não cumprindo com as suas obrigações, para com os seus credores, deixa ir á falência um dos grandes empregadores do concelho, a Planotejo, com as consequências económicas e sociais que este facto acarreta.
Vejo um Executivo que se preocupa com questões menores, como manobras de diversão, deixando as fundamentais por resolver sendo disso exemplos gritantes as questiunculas de fotos e diapositivos de Xana e Xando que se arrastam como novela mexicana.
Vejo uma oposição municipal que não se traduz, quer pela sua actuação no passado enquanto poder como agora como oposição, como real e credível alternativa de poder.
Por tudo isto vemos , ouvimos e choramos de raiva e impotência!