sexta-feira, agosto 08, 2008

Pão e Circo

1º de Novembro de 1755 um tremor de terra de grande envergadura assolava Lisboa logo seguido de um tsunami que completou o cenário de destruição generalizado.

Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, Conde Oeiras e Primeiro Ministro do Rei D. José I, confrontado com a situação de desespero dos habitantes da capital e face á indecisão dos seus colaboradores, que o inquiriam como proceder, exclama proferindo a frase que ficou na história: cuidam-se dos vivos, enterram-se os mortos e fecham-se os portos.

Com esta simples frase o Marquês definiu prioridades para resolver a situação, os governantes, quer concordemos com eles ou não, teem que saber estabelecer prioridades para as situações que enfrentam no dia a dia da governação.

É certo que na actualidade a realidade é diferente da do século 18 vivemos em democracia, num sistema pluripartidário onde a actuação do governo é fiscalizada, ou pelo menos deveria ser, por uma oposição actuante.

Transpondo para a realidade actual em Alpiarça que vemos?

A maioria Socialista que governa o Municipio sem qualquer oposição credível, tanto pela sua actuação enquanto poder antes e enquanto oposição actualmente, não consegue perceber as prioridades de uma população cada vez mais apática e desinteressada da vida publica.

Decididamente tanto o Partido Socialista nacional como o Partido Socialista de Alpiarça e o Movimento Civico” Alpiarça é a Razão” não perceberam que o tempo de pão e circo da Roma de Nero já passou há muito.

A oposição local, personificada pelo Partido Comunista Português e pelo Partido Social Democrata, vive obsecada pela conquista de um poder que já possuiu, o primeiro, e pelas constantes lutas internas pela liderança, o segundo, de tal maneira que, não conseguindo fazer uma análise fria e objectiva da situação em que vivemos, se deixa transportar para foguetórios que em nada a dignificam.

Mas quais são verdadeiramente as prioridades dos alpiarcenses para poderem dizer com orgulho de que vivem numa “vila tranquila com vida de qualidade”?

Olhemos para os problemas ambientais e constatamos que a vala, onde muitos de nós tomamos banho na juventude, se tornou num leito de morte para a fauna, num potencial foco de doença potenciando qualquer dia um caso grave de saúde publica.

Olhemos para a situação do tratamento de esgotos na nossa Zona Industrial nada conducente com a realidade de uma Zona Industrial que obedece aos padrões de qualidade modernos exigidos neste item e onde se nota a falta de politica consertada de criação de emprego sustentado nomeadamente com uma ligação efectiva entre as empresas instaladas e as escolas.

Olhemos para as lixeiras a céu aberto que vão proliferando sem qualquer controle no Concelho, para os atentados preterados contra a nossa fauna, através de eventos a ela nociva, e devidamente licenciados pela nossa Câmara!

Olhemos para as ruas esburacadas, para as casas abandonadas em risco de derrocada, para a falta de médicos no Centro de Saúde, para a falta de transportes públicos a determinadas horas do dia ou da noite, para os investimentos realizados na margem da vala de Alpiarça e agora votados ao mais profundo desprezo em termos de conservação, para a zona pedonal na zona das piscinas onde o desleixo é por demais evidente.

Se até agora se falou de qualidade de vida que dizer da tranquilidade quotidiana que é suposto os alpiarcenses gozarem a fazer fé no slogan?

Os assaltos aumentam, o trafico de substâncias proibidas, vulgo droga, também, as forças de segurança, a GNR, que em principio iriam ter novas instalações, mal se veem porque os efectivos são notoriamente insuficientes.

São estas claramente as prioridades quotidianas dos alpiarcenses mas para as quais os politicos que nos governam não teem, nem querem, ter qualquer tipo de sensibilidade.

Para o partido maioritário são questões que lhe passam completamente ao lado porque apenas figuraram na agenda em época eleitoral como compromissos a não cumprir.

Para a oposição estas questões teem que ser analisadas sob duas perspectivas a do Partido Comunista Português e a do Partido Social Democrata.

O Partido Comunista Português, partido com melhor organização em Alpiarça, parece ter-se esquecido do seu passado de luta e do respeito devido ao militantes que perderam a vida na luta clandestina contra o fascismo, mobiliza os seus militantes não para as grandes causas atrás inumeradas mas por causa da posse de um terreno e ocupação de um pavilhão que diz ser do povo de Alpiarça, mas que na realidade é pertença de um partido enquanto entidade particular.

Já me referi a esta mesma problemática onde considerei, e ainda continuo a considerar, que neste caso o Presidente da Câmara, Rosa do Céu tem razão e, que apesar das manobras dilatórias e de litigância de má fé empreendidas pelo Partido Comunista Português através da interposição de uma providência cautelar, aproveitando também da lentidão da justiça em Portugal, que tanto criticam noutras ocasiões, o Partido Comunista Português acabará por ter de sair do espaço.

Mas se de facto o Partido Comunista Português considera realmente o pavilhão como pertença do povo alpiarcense em geral que tal coloca-lo em nome da Câmara Municipal, enquanto legitima representante do povo como aliás fez José Relvas com a sua herança ao legá-la ao povo.

Ou será que para o Partido Comunista Português o povo de Alpiarça é só constituído pelos seus militantes?

O Partido Social Democrata minado internamente, a nível nacional, por lutas incessantes pelo poder vê essa realidade reflectir-se na qualidade de intervenção do seus membros eleitos para os orgãos municipais e na dinamica de organização enquanto estrutura partidária.

A intervenção dos social democratas alpiarcenses na Assembleia Municipal de Alpiarça é notoria pela mediocridade ou pela sua ausência.

João de Brito e farmaceutico Carlos Cotrim, que de social democratas nada teem, actuam de uma forma que os envergonha a eles e a quem os elegeu.Por ultimo Alpiarça e os seus habitantes precisam é de projectos e de quem com seriedade os concretize e não de lutas pessoais com vista á obtenção de cargos, os nomes não importam importam sim os projectos que trazem consigo e a sua capacidade de os concretizar, tendo sempre em conta as prioridades sentidas e manifestadas pela população.