domingo, janeiro 28, 2007

Razões de Estado

As decisões dos políticos, tanto no plano internacional como no de defesa, na actualidade como no passado são tomadas tendo em conta duas ordens de razões: as razões de estado e os estados das razões.
A ordem dois factores não é arbitrária e a sua primazia identifica a maneira de ser e estar dos dirigentes de determinado país tanto no plano interno como externo.
A euro deputada Ana Gomes parece não ter entendido que nas relações internacionais os favores pagam-se, mais tarde ou mais cedo, sempre em nome das atrás citadas razões e da solidariedade entre estados.
Os diversos governos portugueses não podiam ter atitude diferente da que tiveram no caso dos voos clandestinos da CIA e vejamos porquê:
1º Depois da 2ª Guerra Mundial o regime português da altura, quer goste-se dele ou não, estava isolado e em risco de cair e foram os Estados Unidos da América a quebrar esse isolamento possibilitando a entrada do país primeiro para a OTAN e depois para a ONU.
2º Durante a guerra colonial, que Portugal suportou em Africa, o material que equipava as nossas forças armadas era de origem americana e no âmbito da OTAN sendo, por isso, proibida a sua utilização fora do espaço europeu.
Os EUA que deveriam fiscalizar essa utilização fechavam os olhos, por outras palavras, eram cúmplices.
3º Depois do 25 de Abril de 1974 e quando Portugal esteve em situação financeira muito delicada, raiando a banca rota, foram os Estados Unidos através do seu embaixador em Lisboa e mais tarde director da CIA, Frank Carluchi, que salvaram a situação e o Dr. Mário Soares, que lhe chamava de amigo, que o diga.
Pois chegou a altura de Portugal pagar os favores recebidos e está a faze-lo com a conivência em relação aos voos da CIA.
Se os governantes portugueses pudessem dar primazia aos estados das razões a Cimeira das Lajes nunca se teria efectuado, os voos sem controlo nunca teriam ocorrido, a tentativa de branqueamento desses mesmos voos nunca seria tentada e até Freitas do Amaral não teria ser enganado pela Secretária de Estado Norte Americana sobre este assunto.
Portugal deveria ser dos primeiros países a demarcar-se da política de Washington em relação ás prisões arbitrárias e tortura em Guantanamo, e outras prisões secretas espalhadas pela Europa, mesmo que feitas em nome da segurança nacional dos EUA.
Mas o nosso país não pode condenar ninguém em matéria judicial uma vez que, no lugar de se investigar primeiro e prender depois efectuando após um julgamento rápido prende-se primeiro, em prisão preventiva com base em indícios que por vezes não se materializam e que pode ir até 3 anos, e depois julga-se de forma lenta para destruir a vida do arguido.
Ao levantar as questões que levantou Ana Gomes colocou-se a si própria e ao governo do Partido Socialista em geral e ao seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, em particular numa situação delicada porque ela corre o risco de ser votada ao ostracismo, e ao ponto em que as coisas chegaram já não pode voltar para trás, e o Ministro de perder a face e ser considerado no mínimo mentiroso o que num país dito normal levaria á sua substituição imediata.
Mas existe sempre uma solução ao alcance dos governantes portugueses que é atirar com as culpas para cima do antecessor de outro partido, e eles são peritos nesta matéria.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Igreja Matriz

Alpiarça sempre foi uma terra caracterizada por ter habitantes com uma vontade férrea para obter os seus objectivos.
Antes do 25 de Abril de 1974 alpiarcenses participaram activamente na luta pela liberdade, com grandes provações na sua vida pessoal e das suas famílias, alguns com o sacrificio da própria vida.
A construção do edifício sede do Clube Desportivo Os Águias é também um exemplo de como os alpiarcenses conseguem, quando querem, importantes realizações.
A construção do Centro de Trabalho do Partido Comunista Português é também o resultado do esforço colectivo dos militantes e simpatizantes de Alpiarça deste partido.
Pois muito bem depois destes exemplos parece que em Alpiarça a tradição já não é o que era, e concretização colectiva de grandes causas comuns já foi chão que deu uvas.
É o caso da Igreja Matriz de Alpiarça que precisa de obras urgentes de restauro, nomeadamente o tecto que ameaça ruir e que já se encontra coberto por uma tela, e para as quais parece não existirem fundos suficientes saindo inclusivamente no jornal o Mirante um artigo sobre esta matéria, mas pior é a vergonha para todos nós é o facto de se referir uma campanha para recolha de fundos, cuja existência era desconhecida do pároco, e cujo resultado não chegou ainda a entrar nos cofres da comissão encarregue do restauro continuando na posse da secção cultural dos Águias.
A Igreja Matriz serve a sociedade alpiarcense de forma transversal, isto é, serve a todos independentemente das suas opções politico partidárias ou até mesmo convicções religiosas nas diversas cerimónias que vão desde o baptismo à morte, por isso impõe-se que todos sem excepções se mobilizem para o seu restauro.
Partidos políticos, nomeadamente o Partido Comunista Português, com a mobilização dos seus militantes para iniciativas que promovam a recolha de fundos como este partido fez para a construção do seu Centro de Trabalho.
Os empresários da construção civil alpiarcenses poderiam também unir-se e colaborar no restauro, até porque eles próprios e os seus familiares beneficiam ou podem vir a beneficiar dos serviços religiosos, e Alpiarça não é menos que as outras terras que têm o seu lugar de culto devidamente conservado e por outro lado sempre se podem constituir como mecenas e deduzir estas despesas em sede de IRC como fez a Cimpor no tocante a um local histórico em Tomar.
A Câmara Municipal quer por si mesma dentro das suas possibilidades materiais e financeiras, ou iniciando parcerias com as entidades oficiais sensibilizando-as para a importância da preservação daquele monumento, ou então convencendo as empresas privadas instaladas na zona industrial com o mesmo argumento usado por Tomar que foi o mecenato cultural com a consequente dedução das despesa em sede de IRC.
Alpiarça tem tradição na concretização de grandes causas colectivas não vai ficar mal agora neste desígnio municipal, apelo por isso a todos os que queiram e possam um esforço que repartido por todos nada custa.
Alpiarça merece e não a vão deixar ficar mal vista.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Escandalo

A menos de um mês do referendo sobre a despenalização interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto, e numa altura em que os políticos dos mais diversos quadrantes se empenham em campanhas a favor ou contra daquela prática médica convergindo, contudo todos, no sentido de combater a abstenção e de levar os portugueses ás urnas.
Mas se os portugueses andam tão arredios do cumprimento de um dever cívico e de exercerem um direito fundamental para a democracia, e pelo qual alguns deram apropria vida, isso deve-se exclusivamente à falta de credibilidade dos políticos portugueses.
Portanto urge que tenham uma prática que os torne credíveis porque só assim os portugueses poderão ter de novo na classe que os representam.
Mas o que o jornal Correio da Manhã de 13 de Janeiro de 2007 notícia em nada augura nesse sentido senão vejamos o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, tinha uma casa em Lisboa que colocou à venda dando como domicílio habitual a cidade no Funchal na ilha da Madeira.
Depois pede e obtém do seu colega das Finanças, Teixeira dos Santos, uma ajuda de custo por viver em Lisboa, no valor de 44.14 € por dia o que dá 1.324.20 € por mês para além do ordenado e demais mordomias que aufere à nossa custa.
1324.20 € é muito mais do que o salário de muitos milhares de portugueses que depois ainda têm de pagar a renda da casa e demais despesas para poderem sobreviver.
Que dizer disto senão que se trata de um verdadeiro escândalo a que os portugueses deveriam por cobro.
É com exemplos destes que os políticos querem readquirir a confiança dos portugueses? Dificilmente o conseguirão assim.
Se isto se passa a nível a nacional que dizer a nível da nossa terra?
Pois o exemplo repete-se com os políticos locais a repetirem o discurso dos tempos de vacas magras e da necessidade de apertar o cinto por um lado, mas por outro lado assistimos a um descontrole nos gastos durante a Alpiagra com a contratação, para uma sessão de autógrafos, da actriz Luciana Abreu (Floribela) e do cantor da actualidade Tony Carreira e depois na passagem de ano com a queima de fogo de artifício na barragem.
Altitudes não enobrecem em nada quem as toma e cavam um fosso cada vez maior entre eleitos e eleitores e este problema deve fazer reflectir os primeiros, até porque pode estar em causa a verdadeira representatividade na sua eleição.