sexta-feira, março 28, 2008

O mestre e o Discipulo

O Presidente da Câmara de Lisboa, o socialista António Costa, e o vereador de Bloco de Esquerda José Sá Fernandes deram ao país em geral e à Câmara Municipal de Lisboa uma lição inesquecível de democracia.
José Sá Fernandes leva à reunião de Câmara uma proposta de instalação de geradores eólicos de energia eléctrica, iniciativa louvável por parte deste discípulo de Francisco Louçã.
Mas a verdade é que esta iniciativa, se outro mérito não teve, gerou um consenso entre toda a oposição de votar contra.
Face a uma derrota previsível Sá Fernandes no lugar de sujeitar a sua proposta à votação e em caso de derrota tirarem as devidas ilações do facto resolveram retirar a proposta e implementa-la da mesma forma.
Se era para ser assim para que a levaram à reunião de Câmara?
Para conseguirem apoio de alguns vereadores e depois em caso de critica confronta-los com a sua anterior posição de apoio.
Mas se assim pensaram enganaram-se e os vereadores da oposição levantaram-se das cadeiras e, numa atitude de rara dignidade vista nos politicos portugueses, abandonaram a sala.
Face à situação criada torna cada vez mais real o cenário por mim traçado de nova queda do Executivo Municipal e novas eleições antecipadas para a Câmara da Capital e remodelação do governo, para a entrada de António Costa para super ministro com vista com vista a uma nova maioria absoluta do Partido Socialista em 2009, objectivo fácil de alcançar graças ao descrédito cada vez maior do PSD e dos seus lideres.
Olhando para Lisboa e para Alpiarça, e eu já fiz diversas comparações destas. vemos que o nosso Presidente de Câmara, Rosa do Céu, a apresentar documentos para aprovação em reunião de Câmara à ultima da hora para que os vereadores não os possam analisar, a esvaziar de conteúdo os pelouros da oposição e até mesmo da maioria que o suporta.
Pelouros que seriam muito importantes para a nossa vida enquanto comunidade deixam de o ser porque o Presidente não lhes dá recursos nem capacidade de decisão para que tal aconteça.
Mas se a oposição em Lisboa soube levantar-se e sair o que impede a oposição em Alpiarça de fazer o mesmo?
Esta pergunta já não é nova, já foi colocada pelo camarada Estaline, e ainda não a vi respondida.
Dito isto e para terminar só me resta perguntar, face a tão peculiar forma de ver a democracia, quem è o mestre e quem è o discípulo.

sexta-feira, março 14, 2008

Campanha Eleitoral e Medo

Já começou pré campanha eleitoral. Devo confessar que não esperava que tal acontecesse tão cedo, a SIC deu o mote e convidou o Primeiro Ministro, o socialista José Socrates, a mostrar-se na intimidade aos portugueses e potenciais eleitores PS.
A jornalista acompanhou Socrates no carro, andou com ele a pé numa amena cavaqueira que para os mais distraídos ficaria a confusão se, na realidade, se tratavam de dois politicos ou dois jornalistas.
Ficamos a conhecer a secretária de longa data do 1º Primeiro Ministro, mais ficámos elucidados de um pormenor importantissimo para a vida politica e para o desenvolvimento integrado e sustentado de Portugal: ambos são do Benfica!
Que importa os 500 mil desempregados, muitos deles sem subsidio de desemprego, que importa os muitos licenciados frustrados que investiram na formação e agora para trabalharem têm que quase servir de mão obra escrava, que importa os muitos portugueses sem médico de familia, que importa o sistema judicial funcionar mal, a segurança andar pelas ruas da amargura e os professores não terem motivação para ensinar e o ministério para dialogar se o Primeiro Ministro de Portugal e a sua secretária são do Glorioso? Para rigorosamente nada!
Ontem no programa Corredor do Poder o convidado foi Herman José que, questionado pela moderadora do programa, respondeu de uma forma que deixaria qualquer amante da verdadeira democracia e da liberdade a ela inerente muito preocupado.
Herman garantiu que sabia de factos sobre os quais, por enquanto, não se pronunciaria por medo, mas o seu medo não existia por um eventual terminus da sua carreira profissional mas por represálias físicas na sua pessoa, mais garantiu que escreveria um livro de memórias quando tivesse uma idade avançada onde as represálias já não o impressionassem devido à sua esperança de vida ser reduzida.
Aos pontos a que democracia portuguesa chegou? E ao escutar este tipo de afirmações me fez perguntar onde é que já ouvi dizer isto? Alpiarça!
Olhamo-nos todos uns para os outros baixando os olhos, baixando a voz quando se afloram determinados assuntos como se uma nova PIDE já operasse por cá de novo.
Trinta e quatro anos sobre o 25 de Abril de 1974 já passaram e parece que a mentalidade herdada dos 48 anos de Estado novo ainda se mantém.
Estamos próximos de mais uma comemoração desta data mas a continuarmos assim será que chegaremos a comemorá-la?

domingo, março 02, 2008

Tempos

Já vem sendo um lugar comum dizer que vivemos hoje em Portugal uma crise de regime.
O Governo liderado pelo socialista José Socrates tem hoje a virtude, se a isto se pode chamar virtude, de conseguir ter contra si quase todos os sectores da sociedade portuguesa.
Os professores clamam por uma avaliação justa, os operadores judiciais por condições de trabalho dignas e dignificantes, as forças de segurança por melhores condições de para que possam combater a crescente onda de insegurança que graça de norte a sul do país.
Olhamos e vemos um país que se dividiu entre ricos e pobres e que tu dá aos primeiros e tudo tira aos segundos.
Olhamos e vemos os ricos a assegurarem para si os melhores lugares nas administrações central, regional e local usufruindo vencimentos fabulosos, exercendo em relação aos pobres uma altiva de desprezo e indiferença.
Olhamos e vemos os pobres vergados ao peso do medo, que os outros lhe infligem, de olhos colados no chão quando a democracia, que muitos ajudaram a criar e consolidar, com a sua acção e sacrificio, lhes dá o direito de os ter bem altos.
Olhamos e vemos os pobres calados assumindo que o direito à livre expressão de opinião, que a democracia lhes confere, já não mais lhes pertence.
Vivemos num tempo em que se suspira pela ditadura do 28 de Maio de 1926 porque os politicos actuais conseguiram deturpar a esperança do 25 de Abril de 1974.
Vivemos num tempo em que o que interessa não é mais o essencial mas o assessório, sendo que assim é mais importante saber-se quem é quem num blogue do que averiguar se os reparos feitos têm consistência, se materializam chamadas de atenção para o que deveria ter sido feito e não foi.
Vivemos tempos em Alpiarça em que é mais fácil acusar levianamente e sem provas do que arranjar um semáforo que se encontra danificado junto ao Millenium BCP, resolver de uma vez por todas, e antes que aconteça alguma desgraça, que destino dar ao edificio onde se situava a Farmácia Gameiro, alcatroar a rua Cons. Figueiredo Leal no troço entre as ruas Dr. Queiroz Vaz Guedes e a Silvestre Bernardo Lima, resolver o problema dos esgotos que não conseguem responder ás necessidades quando chove com um pouco mais de intensidade.
Vivemos tempos em Alpiarça que nos mostram que é mais importante saber de que quadrante é fulano ou sicrano do que trazer investimento reprodutivo criador de emprego e gerador de de receitas para o Municipio dando, assim, perspectivas de um maior desenvolvimento sustentado não nos colocando com dormitório das cidades vizinhas.
Vivemos tempos em Alpiarça em que muitos dos seus habitantes não têm médico de familia e para obterem uma simples receita médica, para já não falar de uma consulta, precisam de se deslocar para o Centro de Saúde de madrugada rezando para que a médica ou médico estejam de bom humor e lhes passe as receitas de que necessitam, em que muitos serviços há muito tempo sediados na nossa terra equacionam a sua saída, em que os transportes públicos não correspondem minimamente em termos de frequência e horários às necessidades dos alpiarcenses que não têm transporte próprio enquanto o Executivo Municipal que nada faz, pressionando quem de direito, as empresas e a administração regional e central, se degladia em litigancias que nada o prestigiam.
Vivemos tempos em Alpiarça em que a solidariedade passou a ser palavra vã, em que os sentimentos de lealdade são sinónimo de idiotice, em que o servilismo marca presença marcante quase que se poderia esperar que os que são servidos se pudessem rejuvenescer o velho sargento Pires o fariam e coloca-lo-iam de novo no comando do posta da GNR.
Vivemos tempos em Alpiarça em que é mais interessante saber-se se quem ganhou foi o Benfica ou o Sporting, se o Fidel Castro, em Cuba, deixou de querer mandar, se em Chipre o Partido Comunista elegeu o Presidente da Republica do que saber que a Escola vai ficar sem água, do que saber os numeros do abandono escolar, e encontrar soluções para essa chaga social, do que saber qual o numero de jovens desempregados e quais as suas espectativas no mercado de trabalho e criar condições para que obtenham a formação profissional que os qualifiquem por um lado e os habilitem como quadros em areas em que as empresas estão deficitárias.
2009 aproxima-se e com ele as eleições como se irão apresentar aos eleitores estes politicos?