domingo, junho 18, 2006

Solidariedade

José Relvas para além de politico, coleccionador de arte e agricultor preocupou-se com a sorte dos alpiarcenses mais desprotegidos e desafortunados, especialmente quando chegassem a uma idade em que já não conseguissem angariar as suas necessidades mais básicas para terminarem a sua vida de maneira digna.
Para isso, no seu testamento, deixou consignado que as receitas das suas vastas propriedades, que deixou ao povo de Alpiarça, servissem para gerar receitas para um asilo.
Foi também criada a Fundação José Relvas cuja Assembleia-geral seria constituída pelos 40 maiores contribuintes de Alpiarça que, logicamente seriam os mais abastados da nossa terra.
De facto assim tem acontecido mas, na minha opinião e possivelmente na de José Relvas, não basta para integrar a dita Assembleia-geral pertencer ao grupo dos que mais pagam para as finanças em sede de IRS e IRC è necessário praticar um sentimento que hoje em dia vai caindo em desuso que è a solidariedade dos que mais podem pelos pouco ou nada teem.
Não basta seguir ao pé da letra o testamento de José Relvas è preciso saber interpretar o seu espírito.
Mas que assistimos hoje em dia em Alpiarça, o asilo è agora uma Instituição Particular de Solidariedade Social, onde a solidariedade foi trocada pela lógica do lucro, onde os dirigentes auferem salários chorudos e onde os idosos pobres de Alpiarça raramente teem lugar, por falta de espaço, porque estes foram ocupados por outros cujas famílias abastadas e desejosas de os depositar em qualquer sitio, não se importam de pagar as fortunas mensais que actualmente são exigidas por cada internamento.
A Assembleia-geral que deveria ser o local por excelência para tratar dos problemas da Instituição tornou-se num campo de batalha onde os interesses politico partidários e de protagonismo social, com manobras de bastidores em tudo parecidos aos da Roma antiga, se sobrepõem ao que devia interessar: a solidariedade.José Relvas, que se retirou desiludido da política, onde quer que se encontre, não tem motivos para se sentir orgulhoso daqueles que actualmente gerem o seu legado que actualmente anda na “boca do povo” mas pelos piores motivos

segunda-feira, junho 12, 2006

Perversão

A democracia è, como os gregos a definiram, o governo do povo.
Em democracia poucos representam muitos através das competências que lhe são conferidas em eleições.
Os eleitos têm uma missão de serviço em prol de uma comunidade que os elegeu, procurando com a sua acção quotidiana ir ao encontro dos seus anseios, necessidades e, acima de tudo, ao encontro das expectativas criadas no decorrer das campanhas eleitorais, sabendo que se tal não fizerem podem ser substituídos no cargo em próximas eleições, por outras palavras os eleitos devem explicações dos seus actos de gestão perante os eleitores, não apenas de 4 em 4 anos mas sempre que lhes sejam solicitadas.
Os eleitos em democracia devem também ter a capacidade mental de ouvir criticas, soluções diversas das suas para a resolução dos diversos problemas da comunidade onde se inserem e representam, sem que daí advenham retaliações de qualquer ordem para quem as faz.
Em Alpiarça, hoje em dia, existe uma perversão total da democracia porque os eleitos não servem a comunidade, servem-se da comunidade, não vão ao encontro dos seus anseios e necessidades porque não descem dos seus pedestais para auscultar os reais anseios e necessidades de quem os elegeu mas tão somente se auscultam a si próprios, quais narcisos em frente ao espelho, sobre os seus próprios anseios e expectativas mas, pior do que tudo nem tão pouco se preocupam em cumprir as promessas feitas em época de campanha eleitoral, quanto às explicações relativas aos actos de gestão assim como o direito à livre critica e expressão de soluções diversas das apresentadas pelos eleitos são encaradas, quase como um golpe de estado cujos protagonistas devem ser, de imediato, encerrados em cadeias de alta segurança.
Às denuncias que são feitas frequentemente relativamente à actuação do executivo municipal, algumas delas que prefiguram crimes de corrupção, participação activa em negócio, de atentados ao ambiente que mascaram a expectativa de especulação imobiliária em larga escala no nosso concelho, não obtivemos qualquer esclarecimento publico, nenhuma tomada de posição oficial mas tão somente o tão batido argumento de são coisas da oposição, pretendendo com isso dizer que ser-se da oposição è sinonimo de falta de capacidade de raciocínio e análise.
Os Alpiarcences têm o direito de ser esclarecidos e o executivo municipal o dever de esclarecer, os Alpiarcenses têm o dever de acabar com esta falta de cultura democrática que graça na nossa terra nem que se tenha de” vir para a rua e gritar: ta na hora de malar a trouxa e zarpar”.

sexta-feira, junho 09, 2006

Sugestão

Hoje ao consultar os comentários a alguns posts no Rotundas dei de caras com um que me deixou pasmado, è verdade pasmado, porque diz que o pessoal que escreve e comenta no blog “está com os pés para a cova” porque se limita a criticar e não apresenta quaisquer ideias ou sugestões para melhorar Alpiarça.
Pois como bloguista e comentador, aqui volto a deixar uma sugestão que na minha opinião e de muitos outros constitui uma pedra basilar para o desenvolvimento dos concelhos onde exercem a sua actividade, e da qual ninguém está disposta a largar mão e que è nada mais nem menos que a sua rádio local.
Alpiarça, por incrível que pareça, numa altura em que estas rádios eram proibidas e que quem prevaricasse sujeitava-se a multas e a consequente apreensão de material, foi pioneira e contra ventos e marés conseguiu por e manter a sua rádio no ar.
Mas contradição das contradições quando a as rádios locais foram legalizadas, e agora se pode dizer que não há “cão nem gato” que não tenha a sua, a de Alpiarça calou-se.
Podem dizer-me que uma rádio local não è barata, que tem custos mas a esses argumentos eu digo: se tem custos para nós não terá para os outros que ainda hoje as manteem e das quais não abdicam? Será que Alpiarça è um concelho de 2ª classe que não consegue alcançar o que os outros alcançaram?
Basta lerem-se os posts e os respectivos comentários, aqui no Rotundas para se chegar à conclusão que se os lobies que operam na nossa terra, e nela obtêm lucros chorudos, quisessem e Alpiarça teria uma rádio local e das melhores, bastava que parte desses lucros fossem canalizados para esse investimento.
Como todos sabemos os lucros das empresas são tributados em sede de IRC, pois muito bem se esses empresários quisessem em vez de dar o dinheiro ao estado investiam-no numa rádio para Alpiarça, e depois teriam o retorno desse investimento com a divulgação das suas empresas teriam através deste meio de comunicação.
Isto que acabo de dizer não deve ser novidade para os empresários de Alpiarça tendo em conta a cota de publicidade que ocupam nos grupos RCA Ribatejo e Rádio Pernes.
Alpiarça tem pessoas com capacidade técnica para por este projecto em marcha, basta os que teem o dinheiro quererem, portanto mãos à obra pelo futuro da nossa terra.

segunda-feira, junho 05, 2006

Ciclos

Segundo o historiador brasileiro Lúcio de Azevedo a história desenvolve-se por ciclos e nesta perspectiva existiram os ciclos da canela, do ouro etc.
Pois muito bem a saída de Francisco Sá Pereira, ao fim de 20 anos, da secção de futebol do Clube Desportivo “Os águias” marca sem duvida o fim de um ciclo na vida deste clube emblemático de Alpiarça.
Este facto não teria nada de anormal não fora o facto de a pessoa em causa ter afirmado ter sido "empurrado para sair” o que demonstra as relações entre a secção de futebol e a direcção do clube eram as melhores.
Mas esta saída terá repercussões não só a nível dos Águias mas, na minha opinião, perspectiva um fim de ciclo na vida politica do concelho de Alpiarça.
È por demais sabido a apetência que tinham todos aqueles, que ambicionam tomar o poder politico ou mantê-lo em Alpiarça, para tentar dominar a direcção do clube em geral e a secção de futebol em particular dada a visibilidade que a mesma trás uma vez que o futebol arrasta multidões e em Alpiarça não è excepção.
O conflito entre o Presidente da Direcção dos “Águias”, por sinal pai do Presidente da Câmara Municipal, e Francisco Sá Pereira um dos principais elementos do movimento cívico “Alpiarça è a Razão” deixa sinais inequívocos de que a base social de apoio desta da maioria pode estar em perigo, e de que irão rolar cabeças.
O Movimento cívico “Alpiarça è a Razão” deveria ser, na minha opinião, para além de um conjunto de pessoas que se juntaram em torno de uma determinada candidatura, mas constituir-se como a consciência critica dessa mesma candidatura em caso de vitória, e não uma plataforma de projecção pessoal para determinados cargos no seio da Autarquia ou na iniciativa privada na qual o peso da Autarquia è por demais evidente.
Infelizmente para Alpiarça a consciência critica nunca o foi, e logo após a vitória eleitoral a plataforma começou logo a funcionar.