terça-feira, junho 12, 2007

Social Capitalismo

José Mascarenhas Relvas deve estar ao pulos no seu caixão, no seu mausoléu, no cemitério de Alpiarça e se pudesse sair de lá muitas pessoas tremeriam de medo.
A Câmara Municipal de Alpiarça, a quem legou todos os seus bens por não ter herdeiros directos vivos, está-se a preparar para numa interpretação muito elástica das disposições testamentárias para “concessionar por 90 anos 162 hectares da Quinta dos Patudos para a instalação de um empreendimento turístico”com o facto dos terrenos terem uma baixa rentabilidade económica que não é suficiente para cobrir as despesas do restante legado”.
Criar novas formas de rentabilização do legado ou melhorar as existentes è uma atitude que só fica bem ao Executivo Municipal em geral e ao seu Presidente em particular.
Mas será que o problema da rentabilização dos terrenos do legado Relvas è novo?
Não. O problema arrasta-se com maior premência após o 25 de Abril de 1974 quando os terrenos começaram a ser explorados não numa ótica de gestão puramente comercial, mas de uma forma em que os critérios do clientelismo politico começaram a ser determinantes.
Assim tanto para comunistas primeiro como para socialistas depois, aquele importante legado para Alpiarça, foi usado como arma de arremesso politico e o controle dos órgãos, a quem competia a sua gestão, uma meta a atingir a qualquer preço.
Mas o essencial agora, e face ao que se propõe fazer com aqueles 162 hectares, è saber se não se está a violar o testamento de José Relvas porque e è importante que se saiba que em caso de violação grave do mesmo o legado passará para a o Município de Santarém.
Por outro lado è também importante que se saiba para onde vão os rendimentos obtidos com a concessão se para “cobrir as despesas do restante legado” ou para solucionar a situação financeira calamitosa a que chegou a Câmara graças aos desmandos de comunistas e socialistas.
È preciso não esquecer que do legado fazem parte instituições que se dedicam a cuidar de crianças e idosos, embora a sua gestão agora já seja tudo menos de caracter social como as idealizou o seu mentor, e que è testamentáriamente obrigatório manter, para já não falar da Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça.
Já vai longe o ideário socialista dos fundadores da Republica em Portugal, agora faz-se tudo em nome do cumprimento do déficit estabelecido por Bruxelas, pelo manter das regalias que os chorudos vencimentos proporcionam a quem deles beneficia, esquecendo-se por completo dos mais carenciados das suas necessidades e das suas famílias.
Actualmente eu já não sei se vivemos num socialismo atraiçoado ou num social capitalismo.
José Relvas, a quando da feitura do seu testamento, não se esqueceu dos menos afortunados pela sorte, numa altura em que se davam ainda os primeiros passos do estado social em Portugal consigam, e queiram, agora os nomeados por si para darem cumprimento às suas ultimas vontades.
A história os julgará conforme os seus actos.