segunda-feira, novembro 27, 2006

Aborto

Provavelmente no próximo mês de Janeiro de 2007 o país irá a votos num referendo acerca da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto.
Pela primeira vez na minha vida de cidadão eleitor estou com dúvidas no meu sentido de voto e são essas dúvidas que gostaria de partilhar com articulistas e comentaristas do Rotundas.
Ultrapassando os parâmetros programáticos dos partidos de esquerda favoráveis ao sim e dos de direita que manifestamente são contra as minhas dúvidas são outras:

1º A Constituição da Republica Portuguesa diz que a vida humana é inviolável do nascimento até á morte.

2º A Constituição da Republica Portuguesa garante ás mulheres o livre domínio sobre o seu corpo.

3º O que eu pergunto se os dois princípios são constitucionalmente garantidos qual dos dois pesará mais o direito á vida ou o domínio das mulheres sobre o seu corpo?

4º Quando é que começa a existir vida humana inviolável?
No momento da concepção quando o espermatozóide fecunda o óvulo?
Passadas dez semanas a partir das quais passa a ser proibido abortar legalmente?
Quando a mulher entra na maternidade para por parto natural ou de cesariana o filho/a venha a nascer?

5º A lei actual já permite ás mulheres abortar em caso de mal formação do feto ou de violação pergunto se nestas situações, que se destinam a evitar o nascimento de bebés que teriam pela frente uma vida de sofrimento físico, devido ás malformações congénitas por um lado, e psicológico por outro pelo facto de serem frutos de circunstâncias anormais nas vidas dos progenitores, não prefigura uma forma de eutanásia encapuçada cuja prática não é permitida em Portugal aos profissionais da medicina?

6º Como se irá contornar a objecção de consciência dos clínicos?

Bom são estas as duvidas que gostaria de partilhar convosco sem que nelas esteja implícito qualquer juízo quer a favor quer contra.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Ropturas

Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça confesso que gostei da sua introdução á palestra proferida pelo Dr. Pacheco Pereira no passado dia 18 de Novembro no Pólo Enoturistico doa Patudos.
Começando por enaltecer o papel desempenhado pelo ilustre convidado tanto no campo do ensino como no campo político traçou depois uma breve biografia da qual destacou o facto de “com João Carlos Espada e Manuel Villaverde Cabral, ter fundado o Clube de Esquerda Liberal”, o que constituiu na sua opinião ser uma rotura no panorama politico vigente da altura e mais que essas "roturas eram uma coisa muito boa".
Pois muito bem Sr. Presidente chegou, á semelhança do que fizeram Pacheco Pereira, João Carlos Espada e Manuel Villaverde Cabral, de ser o senhor a efectuar a sua própria ruptura.
Não se trata de contribuir para a mudança de regime político do país mas sim numa mudança, para mim fundamental, na prática corrente na vida autárquica e o senhor tem poderes para isso e só não o fará se não quiser, passo a explicar:
1º Chame a si todos os pelouros que actualmente estão distribuídos aos vereadores.
2º Volte a distribui-los mas agora não segundo o critério da visibilidade e prestigio que cada um dá e em função de serem da maioria ou da oposição, mas segundo um critério de competência e sensibilidade para tratar dos assuntos inerentes aos pelouros.
3º Desenvolva um espírito de equipa entre todos os membros do Executivo Municipal no qual todos se sintam parte da solução da solução dos problemas e não na sua criação, todos teem valor e gostam de o ver reconhecido.
4º Reconheça na prática a importância que os funcionários teem no normal funcionamento da autarquia, premiando o mérito e empenho de uns e motivando os desmotivados, bastando para isso, por vezes, disponibilidade para os ouvir acerca dos problemas do seu local de trabalho e dizer-lhes que conta com eles para ultrapassar as dificuldades relatadas.
5º Estabeleça uma presidência de proximidade com os Alpiarcenses, mas com todos e não apenas com aqueles que supostamente votaram em si, coisa que nunca poderá saber, que o elegeram para seu Presidente, tenha presente que a campanha eleitoral já terminou e agora é altura de governar e que todos somos poucos para enfrentar as dificuldades que se aproximam verá também que, surpreendentemente, os seus conterrâneos não mordem e não são portadores de nenhuma doença contagiosa.
Eles apenas precisam que o senhor confie neles e eles poderem confiar em si.
6º Por ultimo deixe-me dizer-lhe que no futebol quando um jogador está em óptima posição para fazer golo e não remata perdendo de seguida a bola se diz que teve medo de ser feliz, pois senhor Presidente não tenha medo de ser feliz, remate para a baliza do futuro de Alpiarça marque golo e os alpiarcenses irão aplaudi-lo de pé.

domingo, novembro 19, 2006

Olhares

José Pacheco Pereira esteve em Alpiarça, na Casa dos Patudos Museu de Alpiarça para proferir uma palestra intitulada Dilemas do século XXI.
Esta iniciativa, integrada no centenário da casa que assistiu à morte de toda a família Relvas, è a todos os títulos notável e aplaudo de pé todas as pessoas que com o seu trabalho possibilitaram a concretização desta iniciativa.
Em nome de Alpiarça, que só sai dignificada com iniciativas desta natureza, e em meu nome o meu agradecimento.
Pacheco Pereira iniciou a sua intervenção fazendo alusão à Casa dos Patudos, que visitava pela primeira vez, e ao espírito sonhador do homem que a mandou construir, José Relvas nada de extraordinário em reconhecer a este homem a capacidade de sonhar pois não fora ele uma das principais figuras que embarcou no sonho de mudar uma Monarquia, embora a cair de podre, com mais 700 anos por um novo regime, a Republica?
Não era ele um artista e não são todos os artistas sonhadores que com os seus sonhos tornam este muito mais belo e agradável para se viver?
Depois enumerou 5 pontos que gostaria de abordar e que de entre outros, que na sua opinião, seriam Dilemas do Século XXI, cujos sinais já se fazem sentir até porque tiveram a sua origem no século passado, e face aos quais urge tomar medidas.
Em primeiro lugar falou de Malthous das suas teorias de excesso de população e escassez de meios para alimentar esta população cada vez mais numerosa, do protocolo de Kyoto e da problemática ambiental em geral.
Depois falou da bioética com especial destaque para a engenharia genética que está em condições de fazer alterações ao nosso código genético o ADN, que para quiser saber é o acido desoxirribonucleico composto pela adenina, guanina, timina e citusina que se combinam entre si numa estrutura helicoidal e esta estrutura foi descoberta pela primeira vez por dois cientistas norte americanos Watson e Creak, das barrigas de aluguer já conhecidas em vários países.
Depois abordou aspecto politico e referenciou o desgaste da democracia e das instituições que lhe dão suporte, apontando o excessivo mediatismo que actualmente se vive como causa para as solicitações de uma população já não interessada na representação parlamentar, onde por vezes se tomam medidas impopulares, mas antes numa democracia directa onde as medidas seriam tomadas ao sabor das noticias e dos sentimentos que elas geram.
Por ultimo e resumindo em apenas um ponto referiu-se aos conflitos ideológicos e culturais e ao terrorismo apocalíptico e global salientando os confrontos entre a sociedade ocidental e o mundo árabe em que este nos encara como “novos cruzados”, devido à presença de tropas ocidentais em países islâmicos e a adopção de radicalismos politico religiosos potenciadores do chamado terrorismo apocalíptico e global com recurso a armas biológicas.
Depois de ouvir o Dr. Pacheco Pereira, e enquanto regressava a casa, cheguei a uma conclusão, que o orador ilustre me perdoe, acerca dos Dilemas do Século XXI e estes se resumem apenas a um único de carácter existencial., tendo como pano de fundo a sobrevivência da espécie humana em si mesma.
Podemos encarar e tentar resolver os problemas que nos podem trazer a má utilização da Bioética com tudo o que a isso estiver associado, tentar sarar a democracia, sanar os conflitos ideológicos e culturais e até encontrar as causas e estancar a nascente do terrorismo global apocalíptico, mas se não pararmos a nossa luta diária contra o nosso planeta enquanto não exigirmos que os nossos governantes passem à prática todas as belas declarações de intenção que subscrevem, enquanto não os confrontarmos com algumas” Verdades Inconvenientes, enquanto não ouvirmos a voz de sonhadores, como José Relvas no seu tempo, que nos alertam para os perigos que dentro em breve poderemos correr e nos propõem soluções, que para os de visão curta não passam de devaneios irrealistas que não se concretizaram, concretizam ou virão a concretizar-se então é com agrado que ouviremos sempre o Dr. Pacheco Pereira falar porque sabemos que os piores cenários por ele profetizados se irão concretizar.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Temas

Chegou-me hoje às mãos a Voz de Alpiarça do mês de Novembro, curiosamente após ter estado a falar com várias pessoas no largo dos Águias sobre os estranhos acontecimentos que têm ocorrido em Alpiarça.
Atentados á propriedade privada e municipal que fazem que todos nós individual e colectivamente fiquemos mais pobres.
É neste contexto que a leitura de dois artigos inseridos no nosso jornal me fizeram voar o pensamento, sim porque de vez em quando tenho destas coisas, para os Alpiarcenses que tanto nas cadeias como na clandestinidade lutaram pela democracia e pela liberdade.
Alpiarcenses cujos filhos não foram meninos como disse Soeiro Pereira Gomes no seu livro Os Esteiros, para outros lutadores pela liberdade, e que vêem aquilo porque tanto lutaram completamente adulterado.
Democracia pressupõe desde logo respeito por opiniões diferentes da nossa sem qualquer perseguição ou retaliação, espírito de cooperação para o bem da comunidade sem colocar na frente os estigmas da partidarite doentia aguda que mina neste momento a sociedade Alpiarcense.
Os socialistas atacam os comunistas pelos erros cometidos no passado e estes atacam os socialistas na actual gestão municipal mas cooperarem para o bem da nossa terra, que foi para isso que o povo os elegeu, está longe das suas mentes ocupadas com teorizações politico filosóficas.
Numa terra onde reinava a solidariedade que permitiu a sobrevivência dos familiares daqueles que foram detidos ou estavam na clandestinidade para fugirem à policia politica agora vive-se um clima de ódio, desconfiança e medo, sim medo pelos bens, empregos e integridade física.
Mais o partido maioritário no Executivo Municipal em vez de acalmar os ânimos vem falar de terrorismo urbano e redes bombistas, quase parecendo que o Bin Laden se mudou para Alpiarça de armas e bagagens e que depois de nos deixar de ser útil entregamo-lo aos americanos e recebemos os 25 milhões de dólares da recompensa e colocamos as finanças municipais em ordem, mais com um superavite.
Escreve um “ofereceram um lindo brinquedo mágico chamado Democracia, feito de uma fina e frágil porcelana chamada Liberdade, a crianças inconscientes. O resultado não podia ser pior. Como seria de esperar, as crianças estão a escavacar o brinquedo todo, porque não percebem o valor que ele tem” como que querendo dar lições de democraticidade ao povo de Alpiarça, com franqueza é preciso ter um pouco de bom senso naquilo que se escreve e diz.
Outro entoa loas ao arquivamento por parte do Ministério Público do processo em que eram referidas várias irregularidades na Câmara Municipal de Alpiarça e onde eram visados o seu Presidente, Joaquim Luís Rosa do Céu, a vereadora Vanda Nunes e o vereador António José Coelho bem assim como os negócios entre a Autarquia e a empresa do pai do Presidente, Manuel Miranda do Céu.
Devo referir que não se deve embandeirar em arco pelo facto do Ministério Público ter proferido este despacho de arquivamento com frases do tipo “ a justiça funcionou” porque toda a gente sabe que o prestigio e credibilidade deste órgão, que representa o Estado nos tribunais e a quem cabe a decisão de deduzir ou não a acusação, bateu no fundo se não veja-se a conturbada eleição do Procurador Geral Adjunto que só se concretizou à segunda votação no Conselho Superior do Ministério Público, depois de na primeira o nome proposto ter sido recusado, coisa inédita nos anais daquele órgão, e do Governo ter intervido ameaçando modificar a lei restringindo a autonomia do Ministério Público, afastando eleitores contestatários e mesmo assim com um resultado nada dignificador para o eleito, não esquecendo que no despacho de arquivamento se referiam factos pouco abonatórios para a organização interna da Câmara, para já não falar da peça inserida no Mirante acerca do mesmo assunto.
Portanto pode-se muito bem dizer que por este andar os lutadores pela liberdade em Alpiarça ainda morrem tristes.

quarta-feira, novembro 08, 2006

O Doido

Por motivos da minha vida profissional não me tem sido possível colaborar com o Rotundas com a assiduidade que desejaria.
Pois hoje, meu caro administrador, meus caros leitores e comentadores, eu tinha de arranjar algum tempo para escrever este post.
Normalmente escrevo sobre Alpiarça como comunidade em geral dos seus problemas mas hoje vou escrever sobre uma pessoa em particular, até porque uma comunidade também se faz de individualidades.
Hoje em conversa com um amigo, que também embarcou na onda da tentativa de descobrir quem é quem nos escritos dos blogues, soube que já tinha descoberto mais um que escrevia espaços de perdição e maldição.
Perguntei-lhe quem era, isto se ele me queria ou podia dizer, e qual o blogue uma vez que existiam vários em Alpiarça, respondeu-me que o blogue era o Rotundas e quem escrevia lá era o Chico Maçarico mas que esse gajo é doido e ninguém passa cartão ao que ele escreve.
Ora eu não sei se Chico escreve ou não no Rotundas mas foi o “esse gajo é doido” que me levou a dispor deste tempo para escrever este post.
Pois bem conhecendo a pessoa em causa pergunto:
É doido quem fica com o coração partido quando vê um animal abandonado na rua e não pode acolher em sua casa e se recolhe numa oração para que tenha dono ou então para que não seja colhido por um carro?
È doido quem se preocupa com o facto de como ele diz “vive-se numa sociedade em que os que podem não querem e os que querem não podem” quando se assiste ao abandono de crianças, ao maltratar dos idosos e nada poder fazer porque não dispõe de poder para tal?
É doido quem passou por tantas dificuldades quando ficou só com a sua mãe e quis tirar um curso superior mas não tinha possibilidades para isso?
È doido quem assistiu à morte da sua mãe sem nada poder fazer, mas que de bom grado daria a vida por ela?
É doido quando fica com a lágrima a querer sair quando vê homens, mulheres e crianças a morrerem à fome enquanto outros estragam aquilo que aos outros tanta falta faz?
É doido quem fica a passar necessidades de toda a ordem para auxiliar outros que precisavam da sua ajuda?
Eu sei que para o futuro de Alpiarça a minha opinião, que aqui deixo expressa, sobre o Chico nada acrescenta mas eu que conheço o Chico e conheci os seus pais tinha que o fazer.
Devo acrescentar que respondi ao meu amigo que já sabia dessa pretensa fama do Chico mas, como é óbvio, não lhe disse que o confundiam comigo.
Estão enganados o Maçarico não é o Gandalf, nem o Gandalf é o Maçarico como alguns tentam fazer crer, e quando eu decidir revelar a minha identidade, porque o farei quando achar oportuno, irão ter uma enorme surpresa.
Sei também que para alguns eu nunca serei o Gandalf, este será sempre o Chico, porque doutra forma não conseguiriam salvar a face depois de acusações infundadas, mais para estes acusadores empedernidos não foi o Gandalf que escreveu este post mas o Chico Maçarico numa espécie autobiografia introspectiva.