sábado, junho 30, 2007

Mistério em Alpiarça

Uma das coisas que a internet tem, e que a torna fascinante, è o facto de ao pesquisarmos sobre um determinado assunto irmos encontrar outros totalmente diferentes e que nos deixam por vezes de queixo caído.
Aconteceu comigo ao entrar em
www.sapo.pt e procurar informações sobre previsão metereológica para Alpiarça encontrei no blogue http://fraguasonline.blogspot.com/2007/05/mistrio-em-alpiara.html um post referenciando um mistério em Alpiarça.
Ainda pensei tratar-se da morte do tenente, um episódio da história da vila tão badalado que até por cá até existe um dito popular, com ele relacionado, para caracterizar o que toda gente já sabe que reza o seguinte: è mais falado que a morte do tenente.
Mas não, tratava-se da morte em circunstâncias ainda hoje misteriosas do militante comunista Manuel Lopes Vital e cujo corpo foi encontrado baleado perto de Alcochete.
Até aqui tudo pacífico até porque eu sempre tinha ouvido dizer, e aceite como verdade, à propaganda oficial do Partido Comunista Português que o referido militante tinha sido assassinado pelos pelos esbirros da sinistra policia politica do regime fascista: a PIDE.
O que eu não sabia contudo era que o Manuel Vital, com cujo nome a Concelhia de Alpiarça do PCP enche a boca em determinadas ocasiões, tinha sido dado como ladrão cinco anos após ter entrado na clandestinidade, tendo nessa altura adoptado o nome de Teixeira, e ter como se diz no blogue” deixado de ser funcionário e foi obrigado a deixar a sua condição de clandestino”, ficando numa situação de desespero solicitando emprego a toda a gente, quando curiosamente tinha recusado um emprego que o Partido lhe tinha oferecido, e também dinheiro aos conhecidos.
A PIDE atribuiu esta morte ao partido, facto desde logo desmentido até porque a prática do Partido Comunista Português nessa época não compaginava a eliminação de física de militantes.
Mas e citando de novo o blogue ” mas o caso de Manuel Vital era muito especial,em grande aflição, após tentar, sem êxito, encontrar trabalho e arranjar dinheiro, Vital fez chegar uma carta ao Comité Local de Alpiarça. Lembrava que sabia muito sobre o partido e salientava precisar de ajuda.Quem quer que o tivesse assassinado, terá tido em mente terminar com o perigo de ele efectuar denúncias à PIDE.É bem provável que ele tenha sido morto por um comunista. De resto, os documentos de Vital foram encontrados na posse de Alcino Ferreira, controleiro do partido.
Quem matou realmente o Manuel Vital? A PIDE? O Partido ao arrepio da doutrina Marxista/Leninista à época seguida como cartilha ideológica? Quantos mais militantes comunistas tiveram o mesmo fim sem que para isso haja ainda hoje uma explicação plausível? Porque foi o Manuel Colhe expulso do partido ao qual deu o melhor da sua vida?
São perguntas para as quais ainda não se encontraram respostas de fonte independente, são perguntas às quais se torna urgente responder até porque nos casos do Manuel Vital e do Manuel Colhe está envolvido o passado de dois Alpiarcenses que não pode estar envolto numa neblina de suspeição.
O Partido Comunista Português pode e deve desenvolver todos os esforços no sentido de aclarar pelo menos estes dois casos, abrindo os seus arquivos sem quaisquer restrições a investigadores independentes, até porque è como diz o outro quem não deve não teme, publicitando de seguida as suas conclusões.
Alpiarça parece condenada a ser terra de mistérios insolúveis, primeiro a morte do tenente, depois a morte do filho de José Relvas, Carlos Relvas, e por ultimo a morte de Manuel Lopes Vital, pois se para os dois primeiros casos já nada pode ser feito para se apurar a verdade o terceiro pode e deve ser desvendado, doa a quem doer, a família do Manuel Vital, e a opinião publica alpiarcense agradeceriam tenho a certeza.

quinta-feira, junho 28, 2007

Dignidade

Os líderes das bancadas do PSD, João Brito, e do PS, Paulo Espírito Santo, protagonizaram uma cena estrambólica à entrada para a última sessão da Assembleia Municipal de Alpiarça, por causa de um “boa tarde”. Espírito Santo, ao passar por várias pessoas, saudou-as com os votos de boa tarde e João Brito respondeu com o mesmo cumprimento, que não foi bem aceite pelo seu adversário político. O socialista virou-se para o social-democrata para dizer que não aceitava ser cumprimentado por pessoas com quem não fala. No decorrer da assembleia, João Brito fez questão de ditar para a acta que se comporta como um cavalheiro e que o seu estado de espírito tinha ficado abalado considerando “inaceitável que uma pessoa dita inteligente tenha este comportamento”.
Com esta citação do semanário O Mirante inicio uma breve apreciação à actividade dos membros da nossa Assembleia Municipal que em vez de se preocuparem com o essencial dos problemas de Alpiarça se ficam pelas quesilias pessoais.
É triste verificar-se que quando se olha para o triste estado das finanças do nosso município os nossos representantes, que também foram responsáveis pelo seu descalabro, se dedicam não a encontrar soluções para as endireitar mas atitudes de lana caprina que nada os dignifica.
Tendo em conta o que se lê no documento apresentado pelos Técnicos Oficiais de Contas, no que se refere a Alpiarça, o único caminho com dignidade que resta ao Executivo e Assembleia Municipais era a apresentação da demissão de todos os seus membros e a convocação de eleições antecipadas.
Esperemos contudo que a dignidade não seja já uma palavra que desapareceu do dicionário da classe politica Alpiarcense.

terça-feira, junho 12, 2007

Social Capitalismo

José Mascarenhas Relvas deve estar ao pulos no seu caixão, no seu mausoléu, no cemitério de Alpiarça e se pudesse sair de lá muitas pessoas tremeriam de medo.
A Câmara Municipal de Alpiarça, a quem legou todos os seus bens por não ter herdeiros directos vivos, está-se a preparar para numa interpretação muito elástica das disposições testamentárias para “concessionar por 90 anos 162 hectares da Quinta dos Patudos para a instalação de um empreendimento turístico”com o facto dos terrenos terem uma baixa rentabilidade económica que não é suficiente para cobrir as despesas do restante legado”.
Criar novas formas de rentabilização do legado ou melhorar as existentes è uma atitude que só fica bem ao Executivo Municipal em geral e ao seu Presidente em particular.
Mas será que o problema da rentabilização dos terrenos do legado Relvas è novo?
Não. O problema arrasta-se com maior premência após o 25 de Abril de 1974 quando os terrenos começaram a ser explorados não numa ótica de gestão puramente comercial, mas de uma forma em que os critérios do clientelismo politico começaram a ser determinantes.
Assim tanto para comunistas primeiro como para socialistas depois, aquele importante legado para Alpiarça, foi usado como arma de arremesso politico e o controle dos órgãos, a quem competia a sua gestão, uma meta a atingir a qualquer preço.
Mas o essencial agora, e face ao que se propõe fazer com aqueles 162 hectares, è saber se não se está a violar o testamento de José Relvas porque e è importante que se saiba que em caso de violação grave do mesmo o legado passará para a o Município de Santarém.
Por outro lado è também importante que se saiba para onde vão os rendimentos obtidos com a concessão se para “cobrir as despesas do restante legado” ou para solucionar a situação financeira calamitosa a que chegou a Câmara graças aos desmandos de comunistas e socialistas.
È preciso não esquecer que do legado fazem parte instituições que se dedicam a cuidar de crianças e idosos, embora a sua gestão agora já seja tudo menos de caracter social como as idealizou o seu mentor, e que è testamentáriamente obrigatório manter, para já não falar da Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça.
Já vai longe o ideário socialista dos fundadores da Republica em Portugal, agora faz-se tudo em nome do cumprimento do déficit estabelecido por Bruxelas, pelo manter das regalias que os chorudos vencimentos proporcionam a quem deles beneficia, esquecendo-se por completo dos mais carenciados das suas necessidades e das suas famílias.
Actualmente eu já não sei se vivemos num socialismo atraiçoado ou num social capitalismo.
José Relvas, a quando da feitura do seu testamento, não se esqueceu dos menos afortunados pela sorte, numa altura em que se davam ainda os primeiros passos do estado social em Portugal consigam, e queiram, agora os nomeados por si para darem cumprimento às suas ultimas vontades.
A história os julgará conforme os seus actos.

sexta-feira, junho 08, 2007

Moralizar

É costume ouvir-se em Portugal após o 25 de Abril de 1974 que não existe democracia sem partidos políticos.
Pode ser que assim seja mas também è válida a inversa e assim poderemos dizer que não existem partidos políticos sem democracia.
A verdade è que a prática corrente dos partidos políticos em Portugal, e por incrível que pareça, tem sido tendencialmente no sentido de descredibilizar para chegar ao extremo de destruir a democracia que lhes permite a existência.
São escândalos e mais escândalos que envolvem dirigentes partidários quer do governo quer da oposição, quer a nível central, regional e local da administração.
São governos inaptos tão sedentos de protagonismo como de incapacidade para governar sem lesar o erário público, sem poder para acabar com o nacional tachismo porque sobre ele assenta a sua ascensão ao poder e as dividas em politica têm de ser pagas.
Governos incapazes de decidir em tempo útil dossiers cuja resolução já há muito abandonou a esfera técnica e passou para a esfera politica, como o caso do futuro aeroporto que todo o governo diz vir a ser na Ota, mas que se encontras refém de milhentos estudos técnicos e como o caso da co-incineração nas cimenteiras cujo processo se arrasta nos tribunais porque a justiça em Portugal é mais lenta que uma tartaruga velha, e que se arrastam em fúteis debates na Assembleia da Republica ou na televisão com os ministros a justificarem o mais que justificado e os seus opositores a tomarem ares de Madalenas ofendidas na sua honra.
São presidentes de Câmara a serem constituídos arguidos por serem incapazes de fazerem frente aos lobys que ajudaram na sua eleição mas que se arrastam no cargo, embora sob suspeição, à custa de recursos e mais recursos, expedientes e mais expedientes que a justiça portuguesa lhes proporciona.
Os escândalos a nível autárquico são de tal ordem que a maior camara do país, a de Lisboa, caiu dando lugar à realização de eleições autárquicas antecipadas.
Atento ao fenómeno da corrupção nas autarquias, o fiscalista e actual mandatário financeiro para a campanha do candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, Saldanha Sanches fala numa entrevista a revista Visão do fenómeno apelidado de captura entre o Ministério Público, que deduz as acusações em tribunal, e as autarquias no interior do país como se tratasse de uma rede de favores mútuos.
Com a queda da Câmara da Capital começou a ganhar forma no discurso politico do maior partido da oposição, o PSD, de que para uma maior credibilização e transparência da vida politica e dos seus interpretes estes deveriam renunciar aos seus cargos assim que constituídos arguidos em qualquer processo.
Com esta posição de principio o que o PSD queria atingir era os autarcas que assim seriam mais facilmente removidos dos seus cargos, nomeadamente os por vezes incómodos independentes.
O governo PS vai mais longe e quer transformar o discurso de princípios do PSD em lei, como era de esperar o Dr. Fernando Ruas, Presidente da Câmara Municipal de Viseu e da Associação Nacional de Municípios Portugueses, não concorda e, diga-se a meu ver, com razão porque qualquer um pode ser constituído arguido por uma balela qualquer que depois não se confirma, e perderia assim o mandato para que legitimamente foi eleito.
A saída de cena de autarcas constituídos arguidos em processos judiciais deveria ser da consciência dos próprios que assim se credibilizariam a si próprios e à causa pública.
Mas como em Portugal o poder parece ter uma cola muito forte os corruptos têm que ser removidos à força e se o propósito do PS for por diante è que vai ser um fartote de autarcas a serem expulsos dos lugares que actualmente ocupam.
Por Alpiarça e com a Câmara Municipal no estado financeiro em que se encontra, se fosse uma empresa privada estaria falida, depressa o Dr. Rosa do Céu se verá a braços com um qualquer processo em que será constituído arguido e convidado a sair, não para o desemprego dourado que o nosso país proporciona dos políticos reformados mas para um lugar melhor remunerado na Câmara Municipal de Lisboa.

Átomo

Maio de 1945 o Exército Vermelho conquista Berlim, Hitler no seu bunker suicida-se com a sua amada Eva Braun terminando, assim na Europa, a 2º Guerra Mundial e com ela o sonho de um 3º Império com a duração prevista de mil anos.
Agosto de 1945 com a explosão sobre Nagasaki da segunda bomba atómica da história da humanidade terminava, com a rendição do Japão, a guerra do Pacífico e sanava-se definitivamente o conflito que opôs os Aliados ás potencias ditas do Eixo.
Mas um dado novo tinha sido introduzido nas relações das nações vencedoras, a descoberta de uma arma com um poder de tal forma destruidor que balanceava definitivamente os pratos da balança do equilíbrio de forças na Europa e no mundo.
Embora tivessem sido aliados na guerra contra o nazismo alemão, o facto è que a confiança mutua nunca tinha sido uma característica das suas relações bilaterais.
Os Estados Unidos apresentavam-se na frente da corrida relativamente produção e armazenamento de armas nucleares por isso impunha-se, na visão belicista dos outros antigos beligerantes, que para a manutenção do tal equilíbrio de forças todos fossem possuidores daquela tecnologia, que pelo seu poder destrutivo fosse factor de dissuasor de um futuro conflito no minimo idêntico ao da 2ª Guerra Mundial.
Deu-se então inicio a um período a que se convencionou chamar de Guerra Fria durante a qual tudo foi permitido para atingir a tão almejada energia nuclear.
Uma vez atingido esse objectivo começou-se seriamente a pensar em restringir ao máximo o numero de países que poderiam ser possuidores de tal tecnologia, assinando-se para o efeito o Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares e criando-se também e sob a égide das Nações Unidas a Agência Internacional de Energia Atómica, para que depois os cinco países membros permanentes do Concelho de Segurança, que são quem na prática dominam a organização, melhor pudessem controlar o processo de obtenção da tecnologia nuclear por parte de outros países por um lado e assegurar a sua supremacia militar por outro.
Mas agora surgem no horizonte nuvens carregadas uma vez que começou a existir no contexto das nações vozes discordantes em relação ao monopólio da posse do tão desejado armamento.
Surge a Coreia do Norte, o Irão, que para além da União Indiana e do Paquistão, se julgam com direito a possuir tal armamento e acesso à tecnologia que também pode ser utilizada para fins pacíficos como por exemplo a produção de energia eléctrica.
Quem no concerto das nações se pode julgar com direitos especiais para proibir outros de possuir o que eles próprios possuem?
Ninguém. Mas é por causa disso que a reunião do G8 a decorrer na Alemanha está a descambar para a ameaça do reinicio da Guerra Fria com o apontar de misseis russos a alvos europeus e intenção americana de criar na Europa um escudo anti míssil.
È uma tristeza verificar que os mais ricos, e que mais responsabilidades têm na degradação do meio ambiente e no cavar das desigualdades sociais, em vez de debruçarem sobre a resolução dos problemas que eles próprios criaram se desviam para a criação de novos e mais perigosos conflitos que podem levar a extinção da raça humana.