sábado, dezembro 30, 2006

Ano Novo

2006 aproxima-se a passos largos do seu fim e foi caracterizado por um clima de guerra permanente e de injustiça social e o silêncio dos que podiam alterar esta situação foi mais gritante que a mais mortífera das guerras.
Americanos e Russos levaram a guerra e a desgraça á terra alheia e afirmaram-se como paladinos de uma nova ordem mundial mais justa.
O ano termina com a execução do ditador iraquiano, Sadahm Hussein, com um atentado no aeroporto de Madrid e com a contínua e infrutífera busca por Bin Laden com que se continuam a gastar milhões de dólares que tanta falta fazem para matar a fome aos desgraçados tanto nos Estados Unidos como em África.
Mas hoje e por causa do ano novo que se aproxima a minha atenção volta-se para Alpiarça e para os trabalhadores da Planotejo que há vários meses que não recebem salário, e que com certeza tiveram o natal mais triste das suas vidas, para eles a minha solidariedade nestes tempos difíceis tendo a certeza de que em nada contribuíram para a situação que agora atravessam.
Que 2007 possa trazer para todos em Alpiarça uma perspectiva de vida melhor do que aquela que nos trouxe 2006, são meus votos

terça-feira, dezembro 26, 2006

Natal

25 de Dezembro de 2006, dia de Natal, dia do nascimento de Jesus Cristo para os católicos, dia do nascimento do homem que marcou o mundo de forma indelével graças á forma como viveu.
Mas e nós, actualmente, será que seguimos o seu exemplo? Será que para a noite da consoada convidamos os pobres, os rejeitados por esta sociedade ou até os nossos inimigos a quem é preciso perdoar porque era esse o ensinamento daquele que nós dizemos que nasceu nesta noite, e cujo exemplo dizemos querer seguir mas só quando e na maneira que nos convém.
Já antes me lembrei, mas agora nesta época e nesta noite em particular que todos dizemos ser de solidariedade e da família, e depois reunimos a nossa com aquela ou aquelas cujos membros nos podem ser úteis mais tarde no plano social ou profissional, dos desempregados vitimas das deslocalizações selvagens a quem nenhuma central sindical convidou para passar a noite porque o mediatismo do seu caso já passou e não tem interesse nos telejornais, dos rejeitados pelos mais diversos motivos como o consumo das tais substâncias ilícitas a quem se dá uma refeição em plena rua com as câmaras de televisão a acompanhar como convém nesta época.
Ninguém pensou antes do Natal á semelhança do que aconteceu com a despenalização voluntária do aborto em fazer um referendo sobre a despena lização do consumo e venda dos chamados estupefacientes assumindo que, á semelhança do aborto em que é um crime levar as mulheres a tribunal por serem donas do seu corpo e o praticarem apesar da existência dos mais variados métodos contraceptivos, combater o consumo e a comercialização de determinadas substâncias é correr atrás do vento e fomentar o aparecimento de uma máfia que vive deste negócio agora ilícito e que gera o encarecimento dos produtos e a actos desesperados por parte de quem eles necessita.
Lisboa criou ou vai criar as salas de chuto, muito bem os toxicodependentes podem nestas salas saciarem o seu vício, mas com quê se a venda dos produtos para esse fim continua proibida?
Dir-me-ão que se podem dirigir aos Centros de Atendimento Permanente onde serão iniciados num programa de metadona, droga de substituição, e é lhes proposto um processo de desintoxicação, mas se a metadona já não for suficiente e a pessoa não estiver interessada em abandonar o consumo da sua substância habitual?
Porque não podem dirigir-se a uma farmácia e comprá-lo por um preço muito mais razoável do que nas máfias que até por vezes raticida lhes vende como produto legítimo se tratasse.
È Natal pensemos nisto, e naqueles que já o tiveram e agora já não passa de uma miragem, até porque quando Cristo nasceu foi para todos.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Todo o Poder

O convidado do programa Palavra de Honra da TSF foi o Dr. Fernando Ruas, Presidente da Câmara Municipal de Viseu e Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Foi um programa interessante de se ouvir especialmente pelas respostas que o duplo presidente deu começando pela questão de inconstitucionalidade levantada pelo Presidente da República, Cavaco Silva e que tem que ver a gestão por parte dos municípios portugueses de 5% do IRS, o que contraria o preceito constitucional da universalidade dos impostos, mas senhor Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses esta questão é de somenos importância até porque a Associação recusa desde inicio a gestão destes 5% uma vez que o governo ficaria com 95% e que quem fica com 95% que fique com o resto, mais o Presidente da República pediu urgência na apreciação do diploma por parte do Tribunal Constitucional para a poder promulgar a lei a tempo da entrada em vigor da lei do orçamento para 2007.
Com IRS ou sem ele a lei das Finanças Locais irá entrar em vigor depois veremos quem sabe fazer boa gestão nos seus municípios.
Depois falou o Dr. Fernando Ruas do desígnio nacional do Euro 2004 ser feito á custa do investimento municipal, pode ter sido verdade mas os autarcas sabem que “quem não tem unhas não toca viola” e, portanto, era só não se candidatarem á construção dos novos estádios e ficavam livres desse encargo.
Falou-se da Procuradora Maria José Morgado para mim talvez fosse bom falar-se do marido o fiscalista Saldanha Sanches, que tal como ela, tem uma especial tendência para estudarem o fenómeno da corrupção nas autarquias e a sua ligação aos lobies da construção e do desporto.
Para Fernando Ruas não existe qualquer problema com esta nomeação e para alguns dos seus colegas autarcas e membros da Associação?
Falou-se na rotatividade dos eleitos no Poder Local e que tinha sido grande só não me explicaram foi a existência dos chamados dinossauros que fazem toda a sua vida profissional nas autarquias como funcionários públicos se tratassem mas sujeitos a uma avaliação de desempenho quadrienal.
Mas o que mais me surpreendeu foi a afirmação de que os municípios não participaram para o déficite tendo gerado um superavite em 2005, aí é que tive que me levantar e ir tomar ar porque não conseguia conceber uma afirmação daquelas, quando no distrito de Santarém existem Municípios que se fossem entregues a uma gestão privada fechariam portas no dia seguinte por falência.
Basta vermos Santarém, Alpiarça que são o 1º e 2º da lista de endividados do distrito e começamos a pensar que o Dr. Fernando Ruas e a sua Associação não os representa.
.Eu não quero chamar de mentiroso ao Dr. Fernando Ruas nem chamar de caloteiros aos doutores Moita Flores, Rosa do Céu, Sérgio Carrinho, Rui Rio, Carmona Rodrigues entre outros, quero antes pensar que se tratou de uma cabala da comunicação social contra estes dignos representantes do Poder Local Democrático e que este mesmo Poder Local Democrático foi uma das maiores conquistas de Abril e não uma suas das maiores frustrações.
Depois disto quase se pode dizer em Portugal, como na Revolução Russa de 1917 todo o poder para os Sovietes, todo o poder para os autarcas.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Indignação

Casualmente ouvi hoje na Rádio Bonfim um programa chamado Manhã Tropical apresentado por um senhor brasileiro chamado Rosildo Oliveira e a que certa altura falou de ter visto na SIC uma reportagem onde se viam pessoas em Portugal a procurar comida no lixo, mais que os supermercados que habitualmente colocavam os produtos dentro de sacos de plástico e depois dentro dos contentores do lixo o iam deixar de fazer empurrando para a delinquência ou para morte pela fome aqueles que procuravam a sua subsistência nos ditos contentores do lixo.
É de facto uma vergonha para um país que faz alarde de pertencer ao clube europeu dos ricos que construiu estádios de futebol novos, para organizar um campeonato europeu de futebol, e onde agora poucos espectadores vão porque o nível do futebol praticado é pobre e bolsa dos portugueses está cada vez mais vazia, que vai construir um novo aeroporto enquanto investe fortunas na remodelação do existente sabendo que depois vai ser desactivado, que investe o dinheiro que não tem num comboio de alta velocidade quando ainda não rentabilizou o Alfa Pendular.
Mas voltando ao tema do apanhar comida no lixo esse facto a mim não me admira porque basta lembrar-nos das pessoas que caíram no desemprego, muitas delas marido e mulher com casa, carro para pagar e filhos a estudar, vitimas de deslocalizações selvagens e falências fraudulentas e com a idade que têm dificilmente encontram um novo emprego e vêm o dinheiro das indemnizações a escoar-se como água na areia do deserto.
Mas que fazem as grandes superfícies?
Apesar dos lucros monstruosos preferem deitar fora os produtos, a dá-los a quem, em desespero de causa, se lhes dirigir a pedi-los alegando que contribuem já para algumas organizações de carácter humanitário, só que estas organizações não chegam a todos e por vezes as pessoas têm vergonha de se lhes dirigir preferindo ir discretamente pedir ao gerente do supermercado da sua terra.
E que dizer da banca portuguesa, que segundo um jornal diário, lucra 6.6 milhões de euros por dia não podia contribuir para extinguir da nossa sociedade esta vergonha nacional?
Somos um país, como diz o outro, “em quem pode não quer e quem quer não pode” onde os ricos são cada vez mais ricos mas cada vez menos e os pobres são cada vez mais e agora condenados a morrerem de fome ou á cadeia por roubo.
No mesmo programa escutei um ouvinte intervir para afirmar que a culpa desta situação é dos políticos que são todos uns ladrões, isto prefigura a falência da nossa democracia e da sua constituição na qual se refere o respeito pela dignidade da ser humano, mas como pode uma sociedade zelar por estes valores enquanto os seus representantes se balanceiam para projectos faraónicos deixando uma parte dela morrer de fome?
Agra falando mas a nível da nossa terra e sobre esta problemática o executivo tem que ter uma intervenção de integração social, fazendo um recenseamento realista das situações mais problemáticas, elaborando protocolos com os supermercados existentes na nossa terra no sentido de os sensibilizar a dar, para uma estrutura municipal, os produtos que acabariam por deitar fora e que depois os distribuiria pelos mais necessitados.
Por ultimo quero agradecer ao Sr. Rosildo o facto de trazer á antena e no seu programa este tema que muitos tentam fazer crer que não existe assobiando para o lado e levando uma vidinha mesquinha e medíocre.
Bem haja.

domingo, dezembro 10, 2006

75 Anos

A Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro está a comemorar o seu 75º aniversário e neste contexto levou a cabo nas suas instalações, no passado dia 9 de Dezembro, um encontro com a cultura que constou de um café concerto cm teatro, musica, canção, poesia e dança desportiva.
São os 75 anos de uma colectividade com uma história rica e que espelha ela própria a realidade alpiarcense, porque foram os habitantes desta terra que lhe deram forma e vida.
Pode parecer um pouco recorrente da minha parte estar continuamente a falar do passado de luta pela liberdade das gentes de Alpiarça, mas a verdade é que parte dessa luta se desenrolou dentro das velhas paredes daquele edifício que ficava na rua quando se vai da Rua Direita para a Praça Velha.
Quantas reuniões se fizeram para definir estratégias de fuga para a clandestinidade, quantos livros proibidos pela censura foram lidos na sua biblioteca e depois escondidos, como de tesouros se tratassem, não fosse o diabo tece-las e acontecer uma rusga da Pide.
As mulheres e homens que deram vida nesses tempos difíceis á Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro, e que infelizmente já não se encontram entre nós, onde quer que se encontrem podem sentir-se orgulhosos da sua obra e esperançados na sua continuidade porque o espírito que os motivou a juntarem-se por este objectivo comum já se encontra vivo na geração mais nova.
Pode-se dizer com certeza que o seu legado não morrerá embora se possam perspectivar tempos difíceis, uma vez que cada vez se nota cada vez mais entre as pessoas que tomam a seu cargo os destinos da colectividade a tendência para a considerarem como arma de arremesso politico a favor de determinado partido politico, e as iniciativas levadas a efeito nas suas instalações são vistas como actos de preparação para a próxima campanha eleitoral autárquica.
Não foi para estas lutas intestinas que a Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro foi criada, mas para ser um espaço onde primeiramente se lutava contra a ditadura e agora que esta teoricamente para ser um local de excelência da vida democrática onde o lazer e a cultura se aliam ás livres e individuais opções politico partidárias.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Pontos de Vista

Recebi relativamente ao meu post sobre o aborto um comentário que achei interessantíssimo, e ao qual dou seguidamente resposta.
Meu caro ou minha cara JC deixe-me dizer-lhe que estou bastante feliz por ter o seu comentário no meu post e por constatar que possui os fundamentos que justificam a sua opção de voto no dia 11 de Fevereiro de 2007, ainda bem que assim é porque tanto Portugal como os Portugueses sairiam beneficiados se todos nos informássemos como você sobre a matéria em causa e partilhasse essa mesma informação com os outros conterrâneos.
Devo agora dizer-lhe que não dei indicação do meu sentido de voto no referendo, apenas coloquei duvidas.
E já que estamos em maré de despenalização que tal aproveitarmos tempo e dinheiro e colocarmos também no referendo a questão do consumo de substâncias ditas ilegais vulgo estupefacientes, droga ou então pó branco que faz rir o pessoal.
Porque com a despenalização dessas substâncias não se estava a promover o seu consumo podendo faze-lo quem quisesse sem encher os tribunais de processos e as cadeias de presos, diminuía-se a apetência pelo seu consumo porque o fruto proibido é o mais apetecido e o preço baixava porque a oferta era maior.
Agora não se sabe bem para onde irá aquele pó branco que faz rir o pessoal quando é apreendido pela policia nem como entra nas cadeias que são um ambiente fechado e quando vamos visitar algum preso somos revistados dos pés à cabeça como se fossemos perigosos foragidos e não normais cidadãos portugueses.
Por outro lado também nunca percebi muito bem o que levou à proibição daquelas substâncias, viciavam e fazem mal à saúde?
Então teríamos de proibir o açúcar aos diabéticos, a carne de porco aos hipertensos, as bebidas alcoólicas aos portadores de doenças no fígado, vulgo cirroses, o café aos que têm problemas ao nível do sistema nervoso e se estes portugueses não quisessem ser protegidos das doenças que o consumo destes produtos arrasta então policia à porta, tribunal e eventualmente cadeia onde então, e pela porta do cavalo com enormes lucros para os traficantes, os poderiam comer sem risco de serem presos porque presos já estavam.
Por ultimo permito-me lembrar aqui a lei seca nos Estados Unidos para realçar que se tratou de uma das maiores minas de ouro jamais descobertas em solo norte-americano.
Pensemos nisto não como contraponto ao aborto mas como algo que precisa urgentemente de ser discutido, com sinceridade e abertura, na sociedade portuguesa em geral e na alpiarcense em particular.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Corajosos

Quem viu ontem o programa Prós e Contras na RTP1 deve ter ficado preocupado como eu com o futuro da democracia em Portugal.
Os militares não se entendem com os políticos, estes aprovam leis na Assembleia da Republica que sabem não poder cumprir e fazem-no para lhes calar a boca como foi o caso da lei 25/2000 que o Almirante Mendes Cabeçadas, Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, em declarações á estação de rádio TSF, disse ser inaplicável e deve ser por isso revogada, na mesma linha de pensamento vai o Ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira.
O descontentamento alastra no seio das forças armadas como prova o recente passeio de protesto levado a efeito no Rossio, de referir também que as organizações sócio profissionais dos três ramos das forças armadas estão a perder o controle da situação tendo sido criada uma comissão ad-hoc para coordenar a iniciativa.
Foi detido um elemento da marinha cuja libertação foi exigida pelo tribunal administrativo de Coimbra, mas esta decisão não foi acatada elo Chefe de Estado-maior da Marinha invocando razões de interesse nacional.
Embora cumprindo o preceituado na lei mas ao não cumprir uma ordem judicial o Sr. Almirante não cuidou do interesse nacional, colocou em causa o estado de direito democrático, foi apenas prepotente, e lançou um “aviso á navegação” dando a entender que quem tem as armas são os militares e se os políticos não crescem então há que tomar as medidas necessárias para que se resolvam os problemas da Instituição Militar, tendo em linha de conta o seu carácter especifico., tanto em direitos como em deveres, em nada semelhantes aos civis como o governo quer.
Preocupante foi também a intervenção de um general na reforma que afirmou que o poder politico estava a empurrar os militares para a rua.
Mas o que é que isto tem a ver com Alpiarça? Tudo.
Alpiarça sempre foi uma terra de luta pela liberdade mas se os militares saírem de novo á rua será um sinal inequívoco da falência da democracia, como aliás aconteceu com o 28 de Maio de 1926 que assinalou o fim da 1ª Republica, com os resultados que todos conhecemos colocando em causa todo o sacrifício feito pelos Alpiarcenses tanto nas cadeias da policia politica como nas duras condições de vida na clandestinidade, que levou uns á morte, outros á doença e a outros á impossibilidade de darem aos seus filhos a hipótese de serem” meninos” como disse Soeiro Pereira Gomes nos seus Esteiros.
Se este cenário se vier a concretizar, esperemos que não, então é que veremos quem são os corajosos capazes de lutar pela democracia e aqueles que eu apelidei de Maquiavélicos por viverem subservientes aos detentores do poder.
Deixo aqui esta minha reflexão para que estejamos alerta para o pior porque “quem avisa amigo é”.

domingo, dezembro 03, 2006

1º de Dezembro

Na sexta-feira, dia 1 de Dezembro de 2006, ocorreu no pavilhão do Clube Desportivo Os Águias um jantar convívio e de solidariedade.
Que este jantar fosse de convívio até me pareceu normal porque ocorria num dia que é feriado nacional o que torna possivel as pessoas juntarem-se, algumas das quais há muito tempo que não se viam porque as exigências da vida moderna assim o obriga.
Agora de solidariedade é que me provocou algumas dúvidas que quero partilhar com os leitores, articulistas e comentaristas.
Solidariedade para com quem? Com João Pinto Ribeiro e seus colegas que no dia 1 de Dezembro dos idos de 1640 recuperaram a independência do nosso país expulsando a Duquesa de Mantua e matando o traidor Miguel de Vasconcelos que se encontrava escondido num servidor, perdão, num armário, cheio de cds e disquetes, perdão de novo, cheio de papeis?
Mas pessoalmente acho que não foram estes motivos que levou a fina-flor da sociedade alpiarcense a retirar dos armários os fatos, alguns a cheirar já a naftalina, e as senhoras a fazerem visitas rápidas ás botiques e ás cabeleireiras até porque 1640 já foi á muito tempo e o João Pinto Ribeiro e amigos eram monárquicos enquanto os presentes no referido jantar de 2006 eram todos, alguns sem o saberem, republicanos ateus e socialistas.
Em 1640 readquiriu-se a independência nacional perdida em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões que ao despedir-se da vida o fez da seguinte forma: “morro com a minha pátria”.
De facto assim aconteceu pouco tempo depois D. António Prior do Crato era derrotado pelo Duque de Alba na batalha de Alcântara, enquanto esperava em vão pelos amigos de Peniche, e lá se ia a nossa independência.
Em 2006 comemorou-se em Alpiarça algo de especial? Uma visão nova da realidade autárquica? O inicio da Presidência de proximidade com os Alpiarcenses? O fim do oportunismo na obtenção de lugares de destaque na Câmara Municipal de Alpiarça? A morte, quanto mais não seja simbólica, dos Migueis de Vasconcelos que a troco de uma boa posição social envergonham e traem os seus conterrâneos na actualidade? Ou estavam todos enganados e não estavam a comemorar o 1 de Dezembro 1640, data libertadora só igualada pelo 25 de Abril de 1974, mas o 10 de Junho de 1580 data da morte de Camões, da independência nacional e do nascimento de uma nova raça de portugueses para os quais os fins justificam os meios e como diz o outro para se safarem até são capazes de dizerem que Deus não é Deus?
Não é por acaso que pouca ou nenhuma importância se dá hoje em dia ao 1 de Dezembro, esquecendo-se que talvez se nesta data mas do ano de 1640, João Pinto Ribeiro e os amigos não se tivessem insurgido em relação à situação politica vigente e fossem com ela coniventes, até porque era fidalgos, talvez o capitão Salgueiro Maia e os seus companheiros não tivessem hipótese de levar a bom porto o 25 de Abril de 1974 cujo aniversário muitos hipocritamente comemoram todos os anos enquanto outros, desiludidos, pensam que sorte seria termos continuado a pertencer a Espanha.
Só os presentes neste jantar convívio e de solidariedade é que poderão saber dos reais motivos que os levaram a encher o Pavilhão do Clube Desportivo Os Águias e a esclarecer as minhas dúvidas.