domingo, dezembro 03, 2006

1º de Dezembro

Na sexta-feira, dia 1 de Dezembro de 2006, ocorreu no pavilhão do Clube Desportivo Os Águias um jantar convívio e de solidariedade.
Que este jantar fosse de convívio até me pareceu normal porque ocorria num dia que é feriado nacional o que torna possivel as pessoas juntarem-se, algumas das quais há muito tempo que não se viam porque as exigências da vida moderna assim o obriga.
Agora de solidariedade é que me provocou algumas dúvidas que quero partilhar com os leitores, articulistas e comentaristas.
Solidariedade para com quem? Com João Pinto Ribeiro e seus colegas que no dia 1 de Dezembro dos idos de 1640 recuperaram a independência do nosso país expulsando a Duquesa de Mantua e matando o traidor Miguel de Vasconcelos que se encontrava escondido num servidor, perdão, num armário, cheio de cds e disquetes, perdão de novo, cheio de papeis?
Mas pessoalmente acho que não foram estes motivos que levou a fina-flor da sociedade alpiarcense a retirar dos armários os fatos, alguns a cheirar já a naftalina, e as senhoras a fazerem visitas rápidas ás botiques e ás cabeleireiras até porque 1640 já foi á muito tempo e o João Pinto Ribeiro e amigos eram monárquicos enquanto os presentes no referido jantar de 2006 eram todos, alguns sem o saberem, republicanos ateus e socialistas.
Em 1640 readquiriu-se a independência nacional perdida em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões que ao despedir-se da vida o fez da seguinte forma: “morro com a minha pátria”.
De facto assim aconteceu pouco tempo depois D. António Prior do Crato era derrotado pelo Duque de Alba na batalha de Alcântara, enquanto esperava em vão pelos amigos de Peniche, e lá se ia a nossa independência.
Em 2006 comemorou-se em Alpiarça algo de especial? Uma visão nova da realidade autárquica? O inicio da Presidência de proximidade com os Alpiarcenses? O fim do oportunismo na obtenção de lugares de destaque na Câmara Municipal de Alpiarça? A morte, quanto mais não seja simbólica, dos Migueis de Vasconcelos que a troco de uma boa posição social envergonham e traem os seus conterrâneos na actualidade? Ou estavam todos enganados e não estavam a comemorar o 1 de Dezembro 1640, data libertadora só igualada pelo 25 de Abril de 1974, mas o 10 de Junho de 1580 data da morte de Camões, da independência nacional e do nascimento de uma nova raça de portugueses para os quais os fins justificam os meios e como diz o outro para se safarem até são capazes de dizerem que Deus não é Deus?
Não é por acaso que pouca ou nenhuma importância se dá hoje em dia ao 1 de Dezembro, esquecendo-se que talvez se nesta data mas do ano de 1640, João Pinto Ribeiro e os amigos não se tivessem insurgido em relação à situação politica vigente e fossem com ela coniventes, até porque era fidalgos, talvez o capitão Salgueiro Maia e os seus companheiros não tivessem hipótese de levar a bom porto o 25 de Abril de 1974 cujo aniversário muitos hipocritamente comemoram todos os anos enquanto outros, desiludidos, pensam que sorte seria termos continuado a pertencer a Espanha.
Só os presentes neste jantar convívio e de solidariedade é que poderão saber dos reais motivos que os levaram a encher o Pavilhão do Clube Desportivo Os Águias e a esclarecer as minhas dúvidas.