quinta-feira, novembro 29, 2007

Oportunistas e Hipócritas

Ao conjunto de normas que regiam os assuntos da polis convencionou-se chamar politica.
A politica era por isso uma ciencia que até o filosofo grego Aristóteles lhe dedicou um livro da sua vasta obra.
Mas com o andar dos tempos essa actividade de cuidar dos interesses gerais de uma comunidade foi-se desvirtuando e o que poucos tratavam para benefício de muitos transformou-se naquilo que poucos tratam para beneficio desses mesmos poucos.Por outras palavras a causa publica transformou-se em causa privada.Igualmente o que antes era encarado com a mais ampla seriedade transformou-se na mais ampla vigarice e no mais amplo oportunismo individualista.
É costume dizer-se que as pessoas é que formam os partidos e não o contrário por isso estes são o reflexo da maneira de olhar a democracia dos seus elementos, também chamados militantes, que agoraos veem como trampolim para niveis sociais e económicos que de outro modo nunca alcançariam.Com estas actitudes estes donos da " galinha dos ovos de ouro", que è a democracia, em vez da alimentar e ir usufruindo lentamente dos seus frutos optam , decididamente, por matar a galinha em busca da mina que terá no seu interior.
Depois da sua morte é que vão, como se diz em Alpiarça, " torcer a orelha e não deita sangue".
Tudo isto vem a propósito da futura legislação eleitoral para as autarquias que irá ser aprovada na Assembleia da Republica com o beneplacito acordo dos dois maiores partidos, o PS e o PSD, e a situação politica que se vive na Câmara Municipal de Lisboa onde se desenrola um braço de ferro entre os dois partidos que a dominam e que pode levar à queda do Executivo Municipal e a consequente realização de eleições antecipadas.
Mas nada disto é surpresa para os dirigentes do PS e do PSD respectivamente José Socrates e Marques Mendes antes e Luís Filipe Menezes agora, senão analisemos os factos:
1º A Câmara de Lisboa cai por ingovernabilidade devido à suspensão de mandato de vereadores e á demissão dos vereadores da oposição na sequencia das buscas da Policia Judiciaria.
2º São marcadas eleições antecipadas mas não para todos os orgãos, como hipócritamente pretendia o PS mas sim como oportunisticamente pretendia o PSD, porque detem a maioria na Assembleia Municipal e não lhe interessava hipotéticamente perder esse poder que poderia vir a usar para deitar a baixo o Executivo Municipal.
3º Realizadas as eleições ganha António Costa pelo PS embora sem maioria absoluta, como insistentemente pediu, e com um nivel alto de abstenção.
4º Depois de algum tempo que parecia de estado de graça começam os problemas com a AM quando esta recusa o aumento do IMI e agora, mais recentemente, com a mais que provavel recusa deste orgão em autorizar a Câmara Municipal a contrair um empréstimo de 500 milhões de euros, como pretende António Costa, para pagar as dividas do Municipio.
5º Face a esta situação Costa estica a corda e diz que se demite caso o empréstimo não seja aprovado, e ele sabe que não vai ser, porque isso já fazia parte da hipócrisia politica dos dois partidos.
6º Com o cenário de eleições surge agora como assunto urgente a marcar a agenda dos dois partidos tão falada, e sempre relegada para segundo plano, revisão da lei eleitoral para as autarquias.
7º Depois da queda do Executivo Municipal, por demissão do seu Presidente, o munícipio entrará em gestão e a Assembleia da Republica aprovará a tão desejada legislação, que depois de promulgada pelo Presidente da Republica será publicada no Diário da Republica e então serão marcadas as eleições.
8º Campanha eleitoral com o PS a acucar o PSD de ter provocado estas eleições como provocou as anteriores por inconsciencia politica dos seus dirigentes, que fizeram as dividas e agora não querem que exista condições financeiras para as pagar, e Sócrates a remodelar o Governo com a integração de Costa num Ministério, da Justiça ou da Administração Interna cujos titulares, António Costa e Rui Pereira respectivamente, teem estado sujeitos a grande desgaste e contestação e o lançamento da candidatura de João Soares.
9º O PSD a acusar o PS de não ter capacidade de governar em minoria, com acordos com a oposição, e que ao primeiro cofronto sério o Presidente em vez de fazer as necessárias cedencias refugia-se numa estudada irredutibilidade, por incapacidade manifesta de cumprir as promessas eleitorais que lhe deram a vitória, que levou á queda da Câmara a que preside.
10º Lançamento da candidatura de Pedro Santana Lopes á Presidência da autarquia da capital e consequente resolução de vários problemas que Menezes tem a nivel interno no seu partido.Se Santana sair vencedor nestas eleições Menezes fica com o dominio completo, que lhe dá a nova lei eleitoral, da maior câmara do país e com as mãos livres para o substituir como lider da bancada colocando neste lugar sensivel, agora sim, alguém de sua confiança politica.Se Santana não conseguir a eleição poderá substitui-lo, mas agora só em altura oportuna, e fazer passar a mensagem para interior e exterior de que a liderança do partido não é bicéfala, e que o seu principal adversário não tem a notoridade politica que muitos apregoam e quando chamado a meter a "mão na massa alfacinha" saiu-se enquanto ele, Menezes, em Vila Nova de Gaia são sempre favas contadas porque tem obra feita para mostrar.
Depois desta análise, que é a minha, e que se estiver errada assumirei que estava, não posso deixar de reafirmar que a democracia portuguesa poderá estar ferida de morte e ninguém dá por isso.